Em situação de liderança de uma equipa, não podemos ter dúvidas sobre quando optar pela reflexão ou pela repetição. Consultando o dicionário, parece não haver espaço para tal. Reflexão pode ser uma “mudança de direção, ou mudança de sentido”, uma “ponderação, meditação”, um “pensamento”, enquanto a repetição é, claramente, “um ato ou efeito de voltar a fazer ou dizer algo que já foi feito ou dito”, uma “reprodução da matéria dada”. Basta-nos saber ler para entender que uma coisa nos faz avançar, enquanto a outra nos mantém no mesmo sítio.
Ainda assim, enquanto treinadores, acabamos muitas vezes por seguir a via mais fácil, repetindo aquilo que já foi “feito ou dito”, pensando que essa apropriação nos oferece uma segurança e nos permite uma autoridade sobre o grupo. Esquecemo-nos, porém, que o grupo é feito de pessoas e que as pessoas são, mais maduras ou mais jovens, todas elas capazes de se aperceberem do todo que mostramos. Umas palavras não chegam se a mensagem corporal não as confirmar, uma ordem é vazia se não fizer sentido com o programado antes e depois.
É por isso que a minha reflexão pode (e deve) promover a tua reflexão, mas não serve para ser embrulhada e servida fora do contexto. O outro é sempre capaz de o perceber e sentir com um maior efeito se a estrutura de pensamento lhe for autêntica, por muito que nos custe encontrar, por vezes, as palavras certas. Não queremos, portanto, ser relógios de repetição, mas sim seres pensantes, capazes de estruturar as mudanças de sentido que desejamos para a nossa equipa.
Luís Cristóvão
*Todas as citações são retiradas da Infopédia – Dicionários Porto Editora