Luís Cristóvão

Crianças a vida inteira

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Semana 37 – “Uma temporada” é algo que bem diferente para uma equipa sénior ou para uma equipa de formação, apesar de nos calendários e nos formatos competitivos tudo nos apontar para um mesmo caminho. Se para um jogador sénior, o seu formato competitivo aponta para um crescente aumento da dificuldade ao longo da “temporada”, podendo jogar para vencer competições e subir a níveis mais elevados de rendimento, para um jogador de formação, o formato competitivo segue ao sabor dos interesses dos organizadores, dividindo-se em fases distritais e nacionais, com a grande maioria das equipas a não ver respeitado esse princípio de “mais trabalho realizado, mais evolução individual, maior dificuldade competitiva”.

É no aproximar do final da “temporada”, então, que nos vemos a sublinhar que um ano de trabalho não tem nada de “temporada”, mas, quanto muito, poderíamos falar de diferentes “temporadas” dentro do mesmo ano. Para a minha equipa, esta fase oferecia o repetir de jogos frente a equipas com quem já jogámos mais do que uma vez, pelo que o jogo perdeu um pouco a sua vertente de “campeonato” para ganhar uma vertente de “desafio”, como se a cada semana o jogo fosse já só mais um jogo e não existisse uma classificação.

Com diferentes condicionantes, também se foi abrindo espaço para poder dar minutos a um conjunto de jogadoras mais jovens, que subirão ao nosso escalão a partir de setembro, e que vão já tendo uma imersão nas novidades que lhes esperam.

É bom de ver, pois, que o rumo do trabalho se viu quebrado e, para além do mais, bastante afectado pelo facto de, na escola, se estar também a atingir uma fase de alguma fadiga mental, com os testes de fim ano, a pressão das notas, as dúvidas, aqui e ali, dos resultados que se vão conseguir alcançar. O ritmo dos treinos acaba muito afetado por todas estas situações e, obviamente, nos jogos acabamos por pagar um preço por isso mesmo.

No entanto, como a equipa demonstra uma apetência para a entrega no “jogo” mesmo perante todas estas dificuldades – algo que foi sendo conquistado ao longo do ano -, aproveitámos, esta semana, para relembrar algo muito importante. No escalão de Sub-14, e com uma equipa onde há ainda gente com 11, 12 anos, a conversa que tivemos antes de começar a partida centrou-se na ideia de podermos ser “crianças a vida inteira”. Se há uma coisa boa em ser-se criança, é a capacidade de passarmos de estar tristes para estarmos felizes num só instante, valorizando muito mais o que é bom do que aquilo que é mau. E por isso, apesar de estarmos numa fase em que as responsabilidades, o ter que ser-se umas “mulherzinhas”, faz parte do discurso que ouvem diariamente, é muito bom não esquecer que podem ser como as crianças e, nos momentos de maiores dificuldades, sorrir com a ideia que nos vão dar um rebuçado.

A verdade é que, neste jogo, sorrimos muito, lutámos muito e ficámos à beira de cumprir os objetivos realistas que tínhamos para este confronto. Em suma, saímos como vencedores.

Hoje há treino!

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