24 de junho de 2004, Estádio da Luz, Lisboa. Portugal praticamente entrou a perder com a Inglaterra, com Michael Owen a marcar logo aos três minutos. Num jogo de nervos, o banco luso parecia trazer resposta, primeiro com Hélder Postiga a empatar a sete minutos do fim e Rui Costa a colocar Portugal na frente do marcador já no prolongamento, com um forte remate de fora da área. Mas Lampard ainda tinha uma palavra a dizer que atirou para novo empate. O jogo seria decidido nas grandes penalidades.
David Beckham começou por atirar às nuvens, no que parecia ser a indicação que os céus estariam com os portugueses, mas o caminho haveria de ser mais pedregoso até à festa final. Rui Costa, que nos tinha salvo no prolongamento, falhou também, lançando a série de penalidades para a morte súbita. E de súbito… “O gajo tirou as luvas”, disse eu entre dentes quando o Vassell ia partir para a bola. Ricardo não só parou o remate do avançado inglês como seguiu, ele próprio, para tratar do assunto com os seus pés.
Portugal passava às meias-finais, depois de sofrimento e conclusão épica, onde Ricardo, um dos nomes mais discutidos da equipa durante meses, a erguer-se como figura redentora. Há histórias que são boas demais para ser contadas. Foi mesmo preciso vivê-la.