Em 2000, sim, tudo era possível. Falhado um Mundial em 1998, renascíamos sobre a liderança ténue de Humberto Coelho, que libertava os jogadores para que estes demonstrassem o que de melhor podiam dar. Foi assim que se caminhou com confiança sobre Inglaterra, Roménia, Alemanha e Turquia, até chegar, naquele fim de tarde de Bruxelas, a um reencontro com a França.
Humberto Coelho trabalhara o seu onze durante a estadia entre Bélgica e Holanda. Com Luís Vidigal a contar com a companhia de Costinha na dupla de médios defensivos, a presença de Sérgio Conceição no lugar de João Vieira Pinto impunha maior segurança ao meio-campo e também maior capacidade de responder na transição em velocidade. As contas até começaram muito favoráveis para Nuno Gomes, a bater Barthez aos 19 minutos, mas o empate chegou, no início da segunda parte, por intermédio de Thierry Henry.
A substituição de Vidigal por Paulo Bento continua a ser, para mim, o princípio do desequilíbrio desta partida, com Zidane a libertar-se das amarras que o colocavam à margem do encontro. Terá pesado o cartão amarelo e a necessidade de controlar melhor o tempo de posse, mas os franceses cresceram no jogo e foram, com a sua responsabilidade, quem mais tentou virar as contas a seu favor.
O momento dramático chegou com a mão de Abel Xavier a desviar da baliza o remate de Wiltord. Era o penalti antes dos penaltis. A equipa portuguesa perdeu a cabeça, mas Zidane soube como manter a calma para fazer o golo. Portugal era, de novo, eliminado pela França, de novo numa meia-final, de novo à beira da marcação de grandes penalidades. A história não estava a nosso favor naquele 28 de junho de 2000.