Luís Cristóvão

Sérgio Conceição e a encruzilhada azul e branca

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Sendo o único dos três grandes a mudar de treinador, o FC Porto versão 2017/18 apresenta várias incógnitas, tanto pelo caminho de descoberta que implicará a chegada de Sérgio Conceição, quer pelo facto de, até agora, não terem sido apresentados quaisquer reforços.

Mas fazendo um pequeno historial desde que Vítor Pereira saiu do Dragão, o último técnico a vencer o campeonato, os falhanços foram sucessivos. Paulo Fonseca terá chegado cedo demais para assumir o peso de um grande, com Luís Castro a transformar o seu período de interino numa fase de bom futebol (ainda que sem grandes responsabilidades). Julen Lopetegui teve a missão de mudar a face de jogo da equipa, tendo ficado aquém do esperado, mas apresentando melhores dados que José Peseiro (na prática, apenas um interino) e Nuno Espírito Santo. Sérgio Conceição não é uma mudança de perfil porque as palavras de ordem a ele associadas não o colocam muito longe do anterior técnico. No entanto, com maior número de experiências no banco e maior resiliência, poderá trazer um renovar de esperanças a um plantel com muitas dúvidas.

A renovação de Iker Casillas é uma excelente notícia por oferecer estabilidade a um posto que é essencial numa equipa ganhadora. A linha defensiva, sendo o sector mais bem trabalhado pelo técnico anterior, vê também manterem-se jogadores como Felipe, Marcano e Alex Telles, restando apenas a dúvida se Maxi Pereira será titular. Isto porque Ricardo Pereira, uma das figuras da Ligue 1 no ano passado, regressa de empréstimo e terá um perfil mais indicado ao estado actual do FC Porto, por aquilo que joga e por aquilo que poderá vir a render em transferências futuras.

Esse dado não é despiciendo na análise do trabalho a fazer por Sérgio Conceição. Como um treinador que nunca receou lançar jovens jogadores, o técnico poderá encontrar no meio-campo algumas caras que esperam oportunidade de afirmação, como são os casos de Mikel ou João Teixeira. Ainda assim, num plantel onde estarão Otávio, Óliver Torres e, muito provavelmente, Danilo Pereira, a juventude será presença segura. Se as opções actuais são suficientes para transformar o FC Porto numa equipa campeã, para mais comparando com os seus dois principais rivais, a resposta é claramente negativa. Mas as chegadas de reforços estarão dependentes da resolução de casos de vários jogadores que poderão sair para permitir compras.

A linha ofensiva está perante um caso mais complicado. A meio da temporada passada, a chegada de Tiquinho Soares, pela mobilidade e capacidade de se envolver em duelos demonstrada pelo brasileiro, pareceu sinalizar um aumento da qualidade disponível. No entanto, o ponta-de-lança é proposta muito curta para um campeonato onde as suas acções vão sendo reconhecidas. Olhando para o que fez a temporada passada, a sua produção estancou ao final do primeiro mês na equipa, tendo marcado apenas três golos nos últimos dez jogos disputados. Uma análise preocupante que, com a recusa de Aboubakar e com Rui Pedro a não ser uma resposta imediata para a titularidade, parecem expôr o ataque como o maior dos problemas que o plantel tem a resolver.

O desafio de Sérgio Conceição, nesta sua chegada a um grande, será o de descobrir algum ouro entre jogadores que, à partida, não se constituem como opção, partindo daí para desenhar um plantel mais forte. Mas sem a ajuda de reforços, a sua missão está muito complicada, até por não haver no passado do técnico um sinal claro sobre ideias de jogo que possam ajudá-lo a diferenciar-se da concorrência com menor talento disponível.

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