Luís Cristóvão

Posse de bola, remates e passes: quando o muito não chega

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Nós contámos com 73 por cento de posse de bola, com 25 remates, 700 e tal passes, pelo que vamos buscar estes pontos a outro lado

Rui Vitória

Se o resultado do Benfica frente ao CSKA pode fazer considerar a noite passada como uma noite para esquecer, a inconsequência do futebol demonstrado pelo Benfica deverá, para Rui Vitória, fazer desta uma noite para lembrar.

Porque perante uma equipa claramente acessível, os encarnados ficaram muito aquém do que poderiam ter feito para somar três pontos que os ajudariam a afirmar a sua candidatura aos oitavas-de-final da Liga dos Campeões.

O Benfica teve sempre muito mais bola do que o CSKA, mas durante toda a primeira parte teve apenas duas oportunidades perigosas, um remate de Grimaldo de fora da área, numa das raras subidas do lateral espanhol para territórios mais centrais, e o lance em que Seferovic acabou embrulhado com o central adversário.

Bloco do CSKA muito baixo, Benfica pouco agressivo a atacar, mantendo distância para com o adversário.

A equipa tinha bola mas não ameaçava o CSKA Moscovo, fosse pela distância que mantinha para com a organização do adversário, fosse por não aproveitar de forma mais clara os espaços que os russos lhes ofereciam entrelinhas, um dos dados que foi referido em várias análises feitas na antevisão do encontro (conferir Rui Malheiro, Nuno Travassos, Joel Amorim). De notar que, na primeira parte, Pizzi apareceu sempre muito preocupado em apoiar Filipe Augusto nas funções defensivas, falhando na busca de espaços para atacar. 

Linhas defensivas do CSKA muito afastadas, Benfica sem capacidade para atacar o espaço oferecido.

Olhando, inclusive, para os posicionamentos médios dos jogadores encarnados durante a partida de ontem, a muita distância entre os jogadores e a pouca agressividade dos seus laterais ficou bem marcada.

Posicionamento médio dos jogadores do Benfica no jogo frente ao CSKA

O CSKA Moscovo viajou com um bloco baixo, com uma organização bastante interessante na forma como fazia os seus equilíbrios para quebrar as linhas de passe para o interior do bloco, num carrossel que fazia das duplas Mário Fernandes – Golovin e Schennikov – Dzagoev um sobe-e-desce constante para impedir a subida do Benfica pelas faixas.

Os equilíbrios mantidos pelo CSKA ajudavam os russos a fechar linhas de passe. Uma equipa que, na 1ª parte, trabalhou bem as coberturas.

Ainda assim, a equipa russa cometia bastantes erros quando o Benfica circulava a bola com mais velocidade, oferecendo espaços muito claros. O Benfica aproveitou apenas uma vez, no lance do golo de Seferovic, quando Grimaldo atraiu Mário Fernandes para lançar Zivkovic.

O CSKA cometeu erros, mas a bola não entrava no bloco.

No entanto, sempre com mais bola e encontrando-se a ganhar, o Benfica nunca foi capaz de acelerar para fechar o jogo. Deu tempo ao CSKA para fazer a sua mudança de chip, cometeu erros na sua área, e acabou por abdicar das suas melhores ideias (personalizadas em Jonas, que nunca encontrou o lugar para ter bola) para apostar na profundidade de Raúl Jiménez e Gabriel Barbosa.

Afastando-se do seu modelo, Rui Vitória teve muita bola, deu algum ânimo ao jogo e às bancadas, mas ficou mais longe de vencer. Até porque, para ir “buscar pontos” a outro lado, mais do que ter bola, remates e passes, é preciso dar iniciativa aos jogadores que saibam o que fazer com isso.

Em colaboração com InstatScout. 

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