Luís Cristóvão

Construção de uma filosofia de clube – Contexto

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Construir uma filosofia para um clube implica um profundo conhecimento do seu contexto. Não funciona nunca a tentativa de implementação de uma ideia pré-concebida ou copiada de um outro espaço. Assim, na avaliação do contexto, devemos dar resposta a várias perguntas.

Quem estava no clube antes?
Nas épocas imediatamente anteriores, outros dirigentes, coordenadores ou treinadores estariam a liderar o processo de tomada de decisão. Com ou sem filosofia previamente estabelecida, a ordem das suas decisões acabaram por influenciar o ambiente do clube. Estudar quem eram essas pessoas e quem decisões tomaram, bem como perceber o impacto que tiveram nos atletas e nos adeptos, é fundamental. Para além do mais, haverá certamente alguns elementos de entre estes que se terão mantido no clube. Para esses casos, é necessário saber pensar que funções podem manter e, sobretudo, de que forma a sua experiência anterior poderá ser um elemento – positivo ou negativo – na filosofia que se quer implementar.

Quem são os jogadores e qual o campo de prospeção?
Os jogadores são sempre o elemento central de qualquer trabalho num clube, sobretudo quando falamos da formação. No clube estarão já várias dezenas que fizeram o seu percurso com esta camisola, sentindo-se aí em casa. Saber desenhar o seu perfil, a escola de onde chegam, os anos que levam de clube e as sensações que desenvolvem na sua relação com a estrutura são peças centrais da nova filosofia. Para além do mais, é necessário começar desde cedo a delinear o campo de prospeção. Existem escolas ou bairros que parecem ter o domínio nas equipas do clube? Porque acontece isso? E as escolas, bairros e vilas/aldeias/freguesias que não têm ninguém representado, haverá também boa explicação para esse dado? Entender, planear e procurar é uma missão essencial para a mudança da filosofia do seu clube.

Recuperamos ou mudamos o curso da história?
Vários caminhos podem ser corridos para a construção desta filosofia, sendo essencial definir se recuperamos uma determinada história (o clube sagrou-se campeão por diversas vezes no passado e queremos recuperar esse espírito) ou mudamos a forma de estar na equipa (aquilo que foi alcançado no passado tem importância no museu do clube, queremos algo de novo). Para um ou para outro caminho, temos sempre que medir o entendimento daqueles que nos rodeiam. Se bem que saudosismos são sempre bem vistos pelos sócios mais antigos de um clube, criar algo novo, ligado ao nosso tempo e às sensações que a cidade vive no presente terá sempre um maior potencial. No entanto, há que saber inscrever bem esse esforço no trabalho realizado no clube.

Em suma, podemos dizer que estudando o contexto que rodeia o nosso clube acabamos, também, por entender que podemos delinear o contexto pela forma como escolhemos as pessoas, modificamos o campo de prospeção ou lemos a história. Perante as possibilidades, só temos que ser fiéis às boas escolhas que fazemos. Se há filosofia que não sobrevive é aquela que não assenta em fundações resistentes e alargadas no tempo.

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