Luís Cristóvão

Do maldito prolongamento ao chapéu de Poborsky

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Se bem que hoje todos acordámos como que aliviados – apesar de levarmos três jogos sem ganhar, lá continuamos em prova no Euro 2016 – o dia 23 de junho transporta uma memória bastante sombria para o futebol português. Tanto 1984 como 1996, foi neste dia que Portugal acabou por ver terminada a sua participação nos respetivos Europeus.

1984 é o ano que mais marcou uma geração de adeptos do futebol português. As razões são diversas. Desde 1966 que a equipa portuguesa não participava numa grande prova internacional, sendo que, nesse ano, apesar de Portugal parecer estar ainda muito longe de tudo o que era Europa, nesse mesmo ano o FC Porto tinha jogado a sua primeira final europeia. Havia, assim, essa expetativa explosiva que se materializava em campo num jogador como Chalana, baixote de farto bigode, que parecia fazer o que lhe apetecia no meio dos adversários. A meia-final com a França foi mais dolorosa por nos ter estado na mão. Entrámos a perder, mas Rui Jordão empatou o jogo, enviando-o para prolongamento, onde o mesmo Jordão marcou pela segunda vez. Faltavam 22 minutos, mas tudo parecia realmente possível. Até que apareceu Platini, já depois de Domergue bisar, para o golo que nos derrotou a todos.

1996 volta a ser um ano de expetativas e novidades para os adeptos portugueses. Aquela geração dos anos oitenta tinha acabado por se auto-destruir no México 86, restando-nos os sucessos internacionais do FC Porto e a presença do Benfica em mais duas finais da Taça dos Campeões Europeus. Mas os anos noventa eram já os anos da chegada a sénior dos campeões do mundo de Sub-20, a Geração de Ouro, que tinha em Inglaterra o seu primeiro grande teste. A realidade pareceu-nos mais complicada do que o sonho, mas ultrapassado a fase de grupos em primeiro lugar, ter pela frente a República Checa sugeria essa crença na aparente facilidade de um adversário sem grande história. Mas o futebol não nos quis deixar sorrir para lá do dia 23, com um chapéu de Poborsky, que ficou para sempre na histórias dos Europeus, a marcar o nosso adeus.

Ainda bem que hoje não jogamos!

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