A França vai jogar a final de mais um campeonato por si organizado, cumprindo, em Marselha, mais um feito histórico, tal como em 1984. Se há trinta e dois anos recuperou de uma desvantagem no prolongamento, hoje vingou uma história ainda mais antiga, que teve o seu episódio mais dramático em 1982, quando em Sevilha perdeu com a Alemanha nas grandes penalidades uma meia-final de um Mundial, e que se repetiu em todos os jogos oficiais realizados com os germânicos desde então.
Ainda assim, para quem viu os primeiros 45 minutos do encontro, o normal seria esperar um resultado bem diferente. A Alemanha superou as ausências no seu onze com o seu modelo de jogo habitual, à procura de um ninho entre as linhas francesas, que não viu outra opção que não fosse o descer no terreno e tentar sobreviver ao sufoco da invasão germânica. No entanto, a Alemanha construía mas não concluía, deixando que a França tivesse alimentado a esperança de levar o 0-0 para o intervalo. Antes disso, houve um pontapé de canto onde Evra discutiu a bola com Schweinsteiger, que perdendo a frente para o lateral francês, ergueu o braço onde a bola viria a bater. Grande penalidade e Griezmann a aguentar a responsabilidade que todo o país colocou nas suas costas. A França, contra tudo o que se vira no relvado, ia com vantagem para o balneário.
Na segunda parte, a França entrou para acabar com o jogo, tentando impor o erro na construção alemã e os primeiros dez minutos foram quase um caos no Vélodrome de Marselha. Até que, finalmente, a França conseguiu acertar o seu passo, a Alemanha conseguiu respirar e passámos a ter um jogo mais aberto e consciente de ambos os lados. Sempre sinal mais positivo para a França, que sabia como e onde tentar ferir o seu adversário, enquanto a Alemanha, afinal, parecia não ter ultrapassado a falta de uma referência mais física na área, onde Koscielny e Umtiti dominavam quem aparecesse, nem um jogador mais cerebral nas linhas recuadas, de onde acabou por sair o erro fatal que permitiu a Pogba mostrar quão básico é Mustafi, ensinou a Neuer como não abordar um lance e voltou a colocar Griezmann no sítio certo, na hora certa, como se o pequeno gaulês fizesse parte da bandeira nacional. 2-0 no marcador, a loucura nas bancadas, a Alemanha a tentar atacar com mais gente mas a tornar o seu ataque numa linha de encontro com os defesas franceses enquanto faltava quem, entre linhas, rasgasse a defensiva francesa, cada vez mais sólida.
Sinal de destaque para Hugo Lloris, que defendeu sempre e tudo o que pareceu necessário para impedir o golo alemão, bem como para a capacidade de luta de um conjunto francês que demonstra, também, que existindo muitas formas de ganhar, o viver de uma competição como esta, curta e intensa, se faz em crescendo, mostrando, jogo a jogo, algo melhor e mais trabalhado em relação ao anterior. É por isso que as duas equipas que chegam à final o fazem com total merecimento, porque cresceram com os desafios e deixam a impressão que será ao sétimo jogo que ambas estarão no seu melhor. Para nosso gáudio.