Quase todos os portugueses vivem marcados pelos múltiplos desgostos que os franceses impuseram à nossa seleção em competições internacionais. Tudo começou no Euro 84, continuou, de forma agravada, no Euro 2000, repetindo-se no Mundial 2006. Estas três derrotas, todas elas com a sua dose de dramatismo, fazem de França a besta negra do futebol português.
Pois eu quero começar o meu diário a dizer Vive la France. Porque não posso desligar o meu gosto pelo futebol do francês. Durante anos e anos, a France Football e a Onze Mondial moldaram a minha visão do mundo da bola. Fosse pelas histórias que descobriam pelo mundo inteiro, pelas fotografias que me levavam a um nível de proximidade com os melhores jogadores do mundo que, naquele tempo, poderia apenas ocorrer na imaginação, pela informação que me fazia olhar para aquelas publicações como uma bíblia.
Através destas publicações também me tornei, desde muito cedo, um seguidor do que acontecia nos campeonatos francês, aprendendo a seguir uma série de jogadores que eram mais de papel do que jogo jogado, tendo em conta que era preciso que o Mónaco ou o Marselha, o Racing de Paris ou o PSG jogassem nas competições europeias para lhes vermos um jogo.
Terei ficado mais indignado com a ausência francesa do Mundial de 1994 do que com a portuguesa – até porque naquele tempo havia Éric Cantona – e senti-me como o único do meu grupo de amigos que ficou em êxtase com a vitória francesa em 1998.
Por isso mesmo, um Europeu em França, não poderia ser melhor contexto para apreciar ao máximo o que vai acontecer, nessa mistura de jogadores, estádios, cidades e referências culturais. Até porque, desde 1984 que há uma dívida a pagar. Eu, quando revejo o Portugal – França desse ano, não acho que Portugal vá ganhar. Acho que dá ali o primeiro passo para ganhar no futuro.
Seja este ano!