A 8 de junho de 1996, Londres estreava o seu Europeu com esperanças de repetir a façanha de trinta anos atrás, quando num Mundial disputado em sua casa, tinham conquistado o seu único grande título de seleções. Para o primeiro jogo, no Estádio de Wembley, defrontavam uma equipa suíça que nunca antes jogara neste torneio. No seu banco, estava um dos bigodes mais conhecidos do futebol dos anos 80/90. O de Artur Jorge.
Aos 50 anos, Artur Jorge transformava-se no primeiro treinador português a liderar uma seleção numa competição internacional. O convite para orientar a Suíça surgira depois de um momento conturbado na sua carreira, a passagem pelo Benfica, marcado ainda por questões de saúde que o obrigaram a ser operado. O apuramento havia sido conseguido por Roy Hodgson, num grupo onde também estavam a Turquia e a Suécia. O inglês também havia promovido o regresso dos suíços a Mundiais, em 1994, mas saíra entretanto para orientar o Inter de Milão.
O ambiente na equipa estava longe de ser o ideal. Artur Jorge não queria meter-se em políticas e ignorou o costume de repartir selecionados pelos diferentes cantões. Os jogos de preparação também não haviam convencido, com apenas uma vitória em quatro encontros. Ainda assim, o jogo perante a Inglaterra merece ser recordado, porque depois de estarem a perder por 0-1, os suíços conseguiram empatar o encontro com uma grande penalidade convertida por Turkyilmaz aos 84 minutos.
Haveria de ser, no entanto, o único golo da Suíça no Euro 96. Derrotas sucessivas frente à Holanda e à Escócia, terminaram o trajeto da equipa no seu primeiro Europeu e a carreira do Rei Artur na Suíça. Poucos meses depois, era nomeado o novo selecionador de Portugal. Com ele ao leme, falhar-se-ia o apuramento para o Mundial 98. Artur Jorge nunca mais seria o mesmo.