Luís Cristóvão

Acabaram-se os amigáveis!

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Que alívio chegar ao dia em que já não há mais jogos amigáveis para seguir. As semanas prévias de uma grande competição trazem consigo este festival de jogos em que o interesse fundamental pertence aos treinadores, onde muitas das pessoas que os seguem não entendem que transferência se pode fazer do amigável para o oficial, onde o entusiasmo ou o temor não deixam de ser, quase sempre, terrenos vazios.

Ora, um jogo amigável é fundamental para um treinador testas as suas ideias. Sendo óbvio que os jogadores escolhidos já foram imensamente observados durante a temporada, sendo conhecidos até ao mais ínfimo detalhe, importa entender como estão neste momento e que respostas darão neste nível de evolução das ideias do treinador. Por isso mesmo, na mente do treinador acontece um jogo completamente diferente, que pouco se preocupa com o seu resultado, mas procura, sobretudo, entender as pequenas dinâmicas que considera necessárias para a evolução da equipa.

As bancadas cheias e o sofrimento demonstrado por adeptos perante um encontro destes é uma manipulação das massas que pouco se liga ao que acontece, de facto, no relvado. Pede-se só mais um como se os golos contassem, chora-se e sofre-se como se a vitória fosse o único caminho para o sucesso, canta-se repetidas vezes o hino que em momento algum nos diz seja o que for sobre a equipa. O que podemos retirar daqui? É que tanto pode ser muito bom uma equipa vencer por quatro ou cinco, se realmente ultrapassou dificuldades e elaborou as dinâmicas trazidas do treino, como pode ser ainda melhor empatar a dois, porque o foco do treinador estava em entender como melhor o trabalho de construção ofensiva, permitindo algum repouso às suas principais opções defensivas. Era preciso perguntar ao treinador quais eram os objetivos deste jogo – porque no caso dos amigáveis, a maior parte das vezes, não há como adivinhar – e elaborara a nossa análise a partir daí.

Finalmente, vamos todos contentes para o Euro porque ganhámos os amigáveis todos – e depois descobrimos que, afinal, os nossos adversários também ganharam os deles e têm tanto direito ao entusiasmo quanto nós. Por outro lado, há quem apanhe grandes sustos nesta fase e depois entra nos jogos oficiais a saber exatamente o que fazer. Dá para entender?

Dito isto, não há melhor maneira do que terminar os jogos amigáveis do que com uma goleada por 7-0, com grandes golos e evidentes sinais de saúde por parte de muitas das peças essenciais da equipa portuguesa. Deu-nos gozo. Agora é esperar que esta cambada repita a dose em França.

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