Luís Cristóvão

Aranha Negra em Paris

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Nunca uma final do Europeu de futebol se jogou depois do dia 10 de julho. Assim será hoje, tal como foi também em 1960. Curiosamente, em Paris, no Parque dos Príncipes. A primeira final de um torneio que, à época, poucos pareciam olhar como algo mais do que um simples quadrangular, sem que se imaginasse a grandeza que tem hoje. Frente a frente, a União Soviética e a Jugoslávia, dois países que agora se limitam aos livros de história. Na baliza do vencedor, uma lenda.

Lev Yashin já havia sido fundamental no apuramento para a final. O guarda-redes moscovita era, já ao tempo, uma verdadeira lenda, visto como uma muralha praticamente inexpugnável. No entanto, os jugoslavos chegaram ao golo, antes do intervalo, por Jerkovic. Na equipa soviética existiam outros jogadores que impunham enorme respeito, como o líder Igor Netto, e o intervalo deverá ter sido um momento em que a sua voz se ouviu no balneário. Regressados ao terreno de jogo, Metreveli não precisaria de cinco minutos para restabelecer o empate.

No entanto, a final não iria ficar resolvida sem se recorrer ao prolongamento. A Aranha Negra afastava todos os perigos das suas redes, mas do outro lado havia um conjunto também muito seguro de si. Acabou por ser Viktor Ponedelnik, um homem de Rostov, a marcar o golo da vitória. A União Soviética fazia a sua festa. Numa equipa de grandes jogadores, juntava-se agora um título europeu ao melhor guarda-redes do mundo.

Tudo fazia sentido.

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