Luís Cristóvão

Lembrar o “Código Zidane”

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O técnico francês já foi “declarado morto” por duas vezes. Mas é bom lembrar que o “Código Zidane” continua a mostrar que o modo como se encara a competição, podendo não te dar um lugar na história da organização estética, pode colocar-te mais perto dos títulos. E isso não é pouco.

Em novembro de 2016, numa conversa com o Bruno Pereira, que ficou gravada no podcast e publicada no site do Lateral Esquerdo, dizíamos isto:

Os pontos fortes que o treinador Zinedine Zidane está a impor como estilo próprio.

Acima de tudo, a liderança. Tendo entrado na equipa num momento particularmente difícil, Zinedine Zidane foi capaz de apresentar o seu historial para, no imediato, conquistar a atenção dos seus jogadores. Há como que uma passagem natural do capitão do Real Madrid para o treinador, até porque Zizou sempre fez imperar o seu estilo de líder férreo, mas quase silencioso.

Na sua relação com os mais influentes, parece claro que ninguém manda mais do que Zidane. É a sua vontade que impera e, seguindo os ensinamentos de Alex Ferguson, não há “melhor jogador do mundo” que possa colocar em causa que o líder é o treinador. A forma como conquista os seus jogadores, faz que com estes se sacrifiquem pela equipa. Por isso podemos ver Cristiano Ronaldo a abdicar, pelo menos nos jogos mais difíceis, do protagonismo próprio para elaborar o protagonismo da equipa. Por isso podemos ver Sérgio Ramos mudar o lado em que costuma ser utilizado no corredor central para que a equipa seja mais forte. Não há ninguém que fique incomodado com as ordens do treinador. Ele aponta o caminho.

Depois, o tempo tem levado a que Zinedine Zidane arrisque mais e molde os jogadores de acordo com as necessidades da equipa. A rotação que impôs, mais do que qualquer anterior técnico do Real Madrid nos últimos anos, como que criando um plantel onde todos estão prontos para entrar e dar o seu contributo. A forma como vemos a equipa ser constituída por “jogadores”, como refere o Bruno Pereira no podcast, podendo lançar Modric, Kovacic e Isco num jogo da Liga dos Campeões. Hoje, todos os jogadores do Real Madrid sabem que podem ter minutos de jogo, assim cumpram as indicações do seu treinador.

Estamos perante um futebol mais liberto de uma padronização reconhecível, um futebol do futuro, outra das hipóteses lançadas pelo Bruno, onde existe uma liberdade para que o talento de cada um possa emergir, partindo do princípio que o interesse do coletivo é primordial. Uma espécie de lugar de esperança, onde os melhores jogadores acabam por encontrar o espaço para jogar o seu futebol. Num código onde Zidane jogador se sentiria confortável, o Zidane treinador escreve a sua entrada na enciclopédia do futebol.

Não custa, portanto, lembrar o papel do treinador francês na forma como o Real Madrid tem atuado na Liga dos Campeões, ano após ano, desde que pegou na equipa espanhola. A sua entrada na enciclopédia do futebol está cada vez mais longa e recheada de sucessos.

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