É altura de dizer, agora sim, Rivaldo está em Angola. O craque brasileiro aterrou em Luanda há já algum tempo, mas a sua magia revelou-se, por inteiro, este fim de semana, quando o Kabuscorp venceu o Rec. Caála por 3-1, graças a um hattrick do melhor jogador mundial de 1999. Depois de uma estreia onde a magia não passou das bancadas para o relvado, muitos duvidaram do sucesso da operação que levava, pela primeira vez, um jogador estrangeiro de classe mundial a aterrar no Girabola. A sua ausência na segunda jornada, devido a problemas físicos, chegou até a levantar a possibilidade do brasileiro dar por terminada a sua aventura africana quase antes de a começar. Mas o destino e a qualidade deste jogador queriam uma coisa diferente.
Com cerca de 25 mil espetadores nas bancadas ( o Kabuscorp do Palanca é, na atualidade, a equipa que mais gente atrai aos estádios no Girabola), a camisola vermelha com o número 9 era o centro das atenções. Rivaldo estava em campo para desmentir os rumores da sua saída, para abafar as críticas da sua contratação, para mostrar que o futebol é uma linguagem universal, sim, mas muito melhor falada quando há pés de génio metidos na jogada. Depois de bisar e de ter já transformado a tarde de sábado numa notícia de nível mundial, o grande momento surgiu aos 70 minutos quando, ao receber a bola já dentro da área, descaído para o lado esquerdo, Rivaldo esperou a movimentação do guarda-redes e, com um simples toque, mostrou do que são feitos os mitos do futebol.
Três golos num só jogo não será mais do que uma alínea no extenso currículo de Rivaldo. Mas para o Girabola foi uma notícia que correu mundo e atraiu os olhares, muitos pela primeira vez, a uma competição que vai merecendo um seguir mais atento. Logo na tarde seguinte, Petro e Benfica de Luanda deram um espetáculo de golos numa tarde de calor, com os petrolíferos a vencerem por 3-2, numa partida onde a qualidade de Osório e Félix Katongo superaram a capacidade concretizadora de Pedro. O Girabola está melhor do que nunca. E os pés de Rivaldo, com toques que ficam na memória, estão lá para brilhar.
Publicado originalmente no zerozero.pt