Representar um clube

Infelizmente, penso ser uma situação recorrente onde existe actividade desportiva em Portugal. Encontrar pessoas que não sabem o que significa representar um clube.

As nossas primeiras ligações ao desporto começaram no dia em que, muito provavelmente acompanhado pelos nossos pais ou um outro familiar, nos levaram a ver um jogo, seja de que desporto for. Na mente da criança desenvolveu-se então o desejo de praticar um desporto, mas sobretudo de competir, representando o clube do nosso bairro ou cidade.

Lembro-me bem, por exemplo, da primeira vez que representei o meu clube num jogo de basquetebol. De como ouvi o meu nome a ser dito pelo treinador no momento da convocatória. De como me senti orgulhoso por viajar na carrinha com a equipa e chegar ao pavilhão do adversário. De como me ficou gravado na memória a camisola que usei e a entrada em campo.

Alguns de nós têm a sorte de continuar a descobrir estas sensações vida fora. Seja representado outros clubes em competições maiores, seja, numa outra fase da vida, fazendo-o enquanto treinadores, dirigentes ou como colaboradores voluntários que carregam em si a alegria de ajudar a equipa. Trata-se de um valor significativo, quer para o indivíduo, quer para o colectivo.

No entanto, nem todos o parecem valorizar da mesma forma. Pensam que representar o seu clube, a sua equipa, é vilipendiar o adversário, rebaixar os seus feitos, como um desporto pudesse ser praticado de uma forma competitiva com apenas uma equipa, como se todas as outras não fossem meros alvos a abater num caminho para lado nenhum.

Os que estão dentro de campo ou inscritos na ficha de jogo têm que se reger pelas regras do jogo, sabendo que algum excesso acabará punido e prejudicará, inevitavelmente, o sucesso da equipa. Por outro lado, aos adeptos ainda vão sendo permitidas algumas “liberdades” no que toca a provocações e desabafos, mesmo que isso nada traga de positivo para o jogo e para a competição.

No entanto, entre uns e outros, resta ainda quem, estando visivelmente ao serviço de um clube, não se coíba de se comportar de forma reprovável. Falo de casos em que dirigentes de clubes ou outros técnicos, sob a capa do adepto “normal”, passam jogos sentados nas bancadas a insultar equipas e árbitros, sem que aparentemente percebam a triste figura que fazem.

Por exemplo, o que poderá levar técnicos de uma equipa destacados para a filmagem de uma partida, passarem grande parte do tempo a rebaixar os adversários, com comentários e “bocas” nada coincidentes com o papel que estão a desempenhar? Confesso que está muito para lá da minha compreensão este tipo de atitudes que, como já referi, acredito que se multipliquem por vários pavilhões do nosso país.

Talvez seja tempo de voltar a pequenos e perceberem que representar um clube é um orgulho, uma distinção, que vos faz ser um pouco diferentes dos outros, porque foram eleitos ou escolhidos para o fazer. Talvez seja tempo de olhar o desporto como quem sonha algum tipo de grandeza e não use a competição como mero repositório de frustrações.
10/11/2011

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