Num momento em que já se conhecem os quatro finalistas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão Masculina, é tempo de repensar o formato adotado nesta primeira edição. A ideia de juntar as antigas CNB1 e CNB2 numa só competição pode ter sido uma solução para uniformizar custos e travar o desaparecimento do último nível de competição do basquetebol nacional, mas colocou no mesmo saco equipas com objetivos e qualidades competitivas demasiado díspares. Porque voltar atrás não costuma ser uma boa solução, apresento uma proposta de quadro competitivo para a próxima temporada que tenta dar resposta a diferentes objetivos.
O primeiro deles é uniformizar um calendário que permita que todas as equipas disputem o mesmo número de jogo, para evitar situações como se passaram este ano em que o valor/jogo pago pelas equipas era muito diferente. Por exemplo, para um plantel com o mesmo número de jogadores (e, logo, o mesmo valor de taxas de inscrição), uma equipa como o Salesianos Évora disputou apenas 14 partidas, enquanto uma equipa como o Belenenses/ Casa da Sorte disputou 30 (mais do dobro). Da mesma forma, ao uniformizar o número de jogos garantimos que todas as equipas terão competição entre Outubro e o fim de Abril, no mínimo.
O segundo objetivo passa por colocar, frente-a-frente, equipas de valor competitivo mais equilibrado, assim gerando mais oportunidade para que cada equipa alcance vitórias, tenha jogos mais competitivos e mantenha objetivos ao longo da temporada.
Uma proposta para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão 2014/2015
O campeonato passaria a disputar-se em três fases, terminando com uma Final Four no início de Maio. O exemplo está construído para 60 equipas (este ano participaram na competição 58 formações), podendo sofrer ligeiras alterações caso existam mais ou menos equipas.
Na primeira fase, a nível nacional, as equipas dividem-se em 15 grupos de 4. Numa competição de apenas seis jornadas e disputada num espaço de um mês, far-se-ia uma primeira seleção de valores, delimitando as equipas que iriam lutar pela promoção e, as restantes, tendo ainda oportunidade de lutar por um prémio na fase seguinte.
Na segunda fase, teríamos 5 grupos de 6 equipas a lutar pelo apuramento para a fase seguinte, sendo que os dois primeiros classificados ficariam apurados para a disputa da promoção. Ao mesmo tempo, teríamos mais 5 grupos de 6 equipas onde o vencedor de cada grupo teria direito a disputar a primeira eliminatória da Taça de Portugal (trataremos das alterações à Taça de Portugal mais à frente).
Na terceira fase teríamos 2 grupos de 6 equipas, um a Norte e outro a Sul, que definiriam as quatro equipas apuradas para a Final Four. Ao mesmo tempo, disputar-se-ia um Torneio de Encerramento com todas as restantes equipas da competição, o que permitiria uma manutenção de competição para todos os conjuntos inscritos na prova.
Finalmente, a Final Four seria disputada em três dias, com os dois primeiros classificados a conquistar o direito a disputar a Proliga na temporada 2015/2016.
Assim, a generalidade das equipas disputaria, numa temporada, 24 jogos a contar para o Campeonato, sendo que os que alcançarem a Final Four disputarão 27 jogos.
As alterações à Taça de Portugal
Esta proposta representa algumas alterações à Taça de Portugal, oferecendo assim uma maior dignidade à prova. Nos últimos anos, com a inscrição facultativa para as equipas que disputavam a CNB1 e a CNB2, as primeiras eliminatórias da Taça perderam bastante em visibilidade. Assim, a prova passaria a ser disputada apenas no final da 2ª Fase do Campeonato Nacional da 1ª Divisão (provavelmente, no início de Fevereiro), contando com as seguintes equipas apuradas.
3 primeiros classificados dos “Grupos dos Primeiros” da 2ª Fase do CN 1ª Divisão
Vencedores dos “Grupos dos Últimos” da 2ª Fase do CN 1ª Divisão
Equipas classificadas entre 5º e 12º na primeira volta da Proliga.
A partir da 2ª eliminatória, somar-se-iam as restantes equipas da Proliga e da LPB aos apurados, seguindo a prova o seu formato normal.
A discussão
Se, ao preparar esta proposta, vejo vários pontos positivos (uma temporada definida no tempo, permitindo uma melhor preparação das equipas, mais jogos frente a equipas próximas em termos de qualidade e de localização, maior disputa por objetivos durante a época, uma Final Four que permitirá dar visibilidade à competição), acredito também que haverão outros pontos menos positivos que poderão ser notados por quem também participou na prova este ano.
Daí que a discussão é salutar e a proposta é aberta para que todos aqueles que disputam o campeonato e, também, aqueles que acabarão por participar na definição do calendário e formato da prova no próximo ano, possam pensar e juntar as suas ideias. Pessoalmente, acredito que este é um modelo que promove o basquetebol nacional no nível de base da competição sénior e poderia, eventualmente, também ser aplicado às provas femininas.
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