O erro é uma constante muito forte de qualquer jogo e aprendizagem. Normalmente, é aceitável dizer que, sem erros do adversário, nenhuma equipa seria capaz de marcar pontos e qualquer jogo se tornaria de um aborrecimento atroz. Ora, se o erro é algo tão presente no jogo do basquetebol, não se pode esperar que a aprendizagem se realize sem que ele esteja presente. Não é tão importante ensinar o jogo, quanto será ensinar a reagir perante as falhas do jogo.
Enquanto treinador, existe a tentação de preparar o treino como um quadro perfeito onde os nossos jogadores seguirão ordens preestabelecidas sem nenhuma hesitação. No entanto, os erros, as distrações e os momentos inesperados surgem em catadupa. Devemos ter a capacidade, enquanto treinador, para inserir esses erros dentro de um plano maior onde os imprevistos são aprendidos como peripécias pertencentes ao jogo.
Assim, atente-se na seguinte situação. Preparamos um momento de treino onde o defesa deve fechar uma linha de passe para que o atacante siga pelas costas. O jogador na posição ofensiva, por distração, entra no exercício e, perante a passividade do defesa, faz o corte pela frente. Como devemos reagir perante esta ocorrência? Se, por um lado, o jogador não cumpriu com o exercício pensado, por outro lado, ao ler a defesa e ao fazer o corte que lhe pareceu mais evidente perante a finta, aproveitou para receber a bola em melhores condições. O erro deve ser incorporado para destacar aquilo que, no final das contas, é mais importante: que o jogador tenha leitura de jogo.
A questão que se coloca, no final, é se o nosso objetivo para o treino deve ser cumprir com o plano perfeito ou, em opção, pensar em situações onde a leitura do jogador deve ser incentivada. Uma vez apreendidos todos os princípios do jogo, a leitura será, sem dúvida, a forma objetiva de colocar cada técnica em utilização.
Luís Cristóvão
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