O que importa é COMO se ganha

Numa sociedade onde tudo nos empurra para fazer escolhas sobre o signo do sucesso, de preferência imediato, somos muitas vezes confrontados com a necessidade de repensar prioridades no caminho para a vitória. Se, demasiadas vezes, a vitória avaliada apenas de per si, a verdade é que ganhar é bem melhor dependendo da forma COMO se ganha. Utilizado as letras maiúsculas para sublinhar o meio em lugar do fim.

Num fantástico texto que relata as peripécias que rodearam o regresso de LeBron James a casa, Gonzalo Vázquez acaba por nos traçar os ângulos de uma personalidade que está muito além daquilo que podemos ver no terreno de jogo. O melhor jogador do mundo provou o caminho da pós-modernidade, exaltando a necessidade de ganhar quando largou a equipa da sua terra natal para “levar os seus talentos para” Miami. No entanto, apesar desse caminho que, aos olhos do público, foi bastante pedregoso, James nunca deixou de estar consciente da forma como quereria ganhar. Aprendeu com os erros, se posso lembrar o texto de ontem.

Ao manter a forte ligação com a sua terra natal, através dos apoios sociais da sua Fundação, dos Campos de Verão e da sua própria interação com a comunidade, LeBron James sempre foi capaz de manter viva a sua personalidade, bem para além do barulho mediático que o rodeia. Depois de provar a fama e a glória em Miami, LeBron regressa a casa para que, finalmente, possa ganhar como sempre desejou. À vitória no campo, LeBron quer juntar a vitória na comunidade, transformando a performance desportiva numa mais alargada influência sobre o meio social onde está integrado.

Quantas vezes pensamos nisto quando pegamos numa equipa? Escolher os melhores jogadores não passa, muitas vezes, por ser capaz de escolher os mais aptos a elevar a participação e a ligação daqueles que nos apoiam e rodeiam, em lugar de nos cingirmos apenas ao sucesso dentro do campo? E de que forma já tentámos perceber o impacto de cada uma das nossas opções na vida daqueles que connosco querem trabalhar ou jogar?

O meio social é parte do jogo. Construir um clube é muito mais importante do que fazer uma equipa, porque é a lógica de prolongar um efeito no tempo que pode permitir a continuidade da prática da modalidade e é essa continuidade que acaba por elevar o nível competitivo onde surgem os novos atletas. Estas construções não são imediatadas e precisam de tempo para que nos possamos assegurar de que são realmente efetivas. Mas já alguma vez te entregaste à possibilidade de provar um prazer prolongado? Como treinador, essa não é apenas uma oportunidade, deveria ser, de facto, a tua missão.

Luís Cristóvão

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