Sabes que te estás a transformar quando uma vitória não te satisfaz. Nada que ver com aqueles momentos em que, de tão grande superioridade, o jogo não tem história. Não. Uma vitória suada, conquistada no último minuto, festejada, mas… que não te satisfaz.
E não te satisfaz porque não significou evolução. Não ficou demonstrado trabalho, nem dedicação, não viste os teus jogadores mais regulares ao nível que te habituaste, não sentiste que o papel de cada um estivesse compreendido e aceite e fosse alguma destas coisas a tornar a dificuldade em resolução para se chegar à vitória.
E então sabes que te estás a transformar. Porque a vitória não te fez melhor, e o que tu queres é ser melhor. Porque a vitória não permitiu que o que de mau aconteceu no jogo possa ser visto, e analisado, no seu peso real, porque ganhámos. Porque mais um ponto na tabela classificativa pode bem significar um maior fragilidade numa próxima jornada.
E depois dizes para ti que ganhar é importante porque te permite ter objetivos. Ganhar serve para dar motivação. Ganhar é bom porque é para isso que se joga, para ganhar. Ganhar mal é uma das possibilidades de se alcançar o objetivo, que é ganhar.
Mas não chega.
E como não chega percebes que estás sozinho no teu mundo. Que os sorrisos dos outros não impedem que, na tua cabeça, os problemas continuem a surgir-te sem resolução. Porque é que a defesa não resultou? Porque é que determinado jogador esteve apagado? O que é que precisas de fazer para deixares de te sentir assim?
E então sabes que te estás a transformar. As coisas simples não te chegam. O ganhar por ganhar não te alimenta. O ser apenas mais ou menos não é para ti.
E depois dizes para ti que o que importa é voltar a casa. Estares no teu canto e tentar desligar. Preparar-te para o sono empurrando o cansaço para fora do corpo. Fazer um intervalo para que, no dia seguinte, sejas capaz de falar. Pensar que o jogo passou.
Mas vai estar sempre a recomeçar.