Os nossos atletas ainda não percebem a ironia que é deixar-lhes fazer aquilo que eles querem fazer num treino. Numa semana em que, depois de um fim-de-semana com dois jogos, estávamos limitado a duas sessões, com um feriado a intervalar entre esse último treino e o momento competitivo, a capacidade de concentração dos atletas estava em mínimos históricos. Para além do mais, com uma quinta-feira a coincidir com véspera de feriado, não era preciso muito para entender que já estava toda a gente em fim-de-semana.
Nestes momentos, aumentam as situações em que os atletas não estão a cumprir com as necessidades. O caso do miúdo que revela sempre enorme exasperação perante a mínima contrariedade, o caso do outro miúdo para quem tudo é apenas brincadeira, um terceiro caso em que as situações de “pausa” são sempre aproveitadas para fazer sobressair o seu enfado com as exigências. Perante tudo isso, agiu-se com a ironia, “oferecendo-lhes” meia hora de jogo sem condicionantes.
Eles não perceberam a ironia, não entenderam que se tratava de um castigo, embora aqui ou ali tenham revelado natural espanto pelo baixar radical da exigência. No entanto, esse momento acabou por ser bastante válido num sentido totalmente inverso: libertos dos constrições do treino, os atletas entregaram-se ao jogo, expondo-se nas suas fragilidades, mas competindo abertamente pelo resultado, exigindo aos colegas o fazer melhor, aproveitando cada minuto para estar em atividade e saborear o divertimento do jogar.
Os treinadores, sim, perceberam a ironia disto tudo.
Amanhã há treino.