Semana 28 – Numa semana em que voltámos a vencer um jogo muito equilibrado – e desta vez de forma ainda mais dramática, com um cesto na última jogada do encontro – fica bem claro que as questões da confiança dentro de uma equipa têm, não só, um enorme peso no que a equipa pode produzir, como se dividem em diversas sub-estruturas que tornam a questão muito complexa.
A primeira face da confiança surge na capacidade do jovem atleta acreditar nas suas capacidades. Em muitos casos, esta primeira barreira é bastante difícil de ultrapassar, ainda que boa parte desses casos tratem de a superar ao entrar na própria equipa, ao sentir-se suficientemente confiante para abordar a sua presença no treino. Ainda assim, as dúvidas voltam a estar presentes na maneira como cada jogador aborda o momento competitivo e como mede esse mesmo momento com outros acontecimentos da sua vida. Numa semana em que há muitos testes escolares, responsabilidades familiares ou uma pequena gripe, a primeira linha da confiança pode estar afetada.
A segunda face apresenta-se na confiança que se tem na equipa. É mais do que evidente, há muitas semanas, que dentro de cada equipa se constituem redes de confiança entre determinados atletas, seja pelo reconhecimento das qualidades de cada um, seja pelo tempo de prática que têm em conjunto, seja até pela amizade que vem da escola ou de outros contextos não desportivos. A forma como se confia na equipa tem enorme impacto nas decisões que fazemos no jogo, podendo, por exemplo, insistir em passar a bola sempre para um só jogador, mesmo quando outro se apresenta em melhores condições. Abrir o espírito para a necessidade de confiar em todos por igual – ou pelo menos manter essa possibilidade teórica em aberto – é fundamental para estarmos dentro do jogo de forma mais completa.
A terceira face tem ainda mais variantes, a confiança no treinador. Porque podemos confiar nele de várias formas, como uma pessoa que conhece, em escala maior ou menor, a modalidade que praticamos, como pessoa que se preocupa com cada atleta individualmente e o faz sentir bem consigo mesmo, como pessoa que em momentos de crise, oferece uma solução para ultrapassar o problema.
As diferentes faces da confiança não só se desenvolvem de forma entrelaçada – quanto mais confio em mim, mais confio na equipa e no treinador -, como também podem, em alguns casos, concorrer entre si – preciso de confiar nas soluções do treinador para confiar mais em mim. Mas também é verdade que, de uma forma geral, o seu desenvolvimento ao longo da temporada é muito pouco constante, podendo soçobrar perante qualquer situação particular que, na mente do atleta, coloque em causa o anteriormente construído.
O reconhecimento permanente desta complexidade e a capacidade de ir adequando a ação tendo em conta a análise que se faz, a cada momento, destas questões, são o melhor caminho para que os resultados – o sucesso que a equipa tem a fazer aquilo que se propõe a fazer, não o que mostra o marcador – sejam os melhores.
Amanhã há treino.