Luís Cristóvão

O jogo ainda é o que era

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Segundo jogo dos quartos-de-final e viajámos no tempo para um futebol que nem sempre se vê nestas fases das grandes competições. Linhas defensivas permeáveis, meios-campos ausentes por longos períodos, muito coração na procura da transição ofensiva. Em resumo, espetáculo. E quando todos esperavam que a Bélgica fosse o adversário de Portugal, eis que o vencedor foi o País de Gales.

A história abriu, no entanto, com outro sabor, quando num erro costumeiro da defensiva galesa, Nainggolan ficou sozinho para preparar o seu remate de fora da área. Um tiro sem hipóteses de defesa para Wayne Hennessey, ainda nem quinze minutos jogados, parecia confirmar as expetativas dessa Bélgica que joga melhor. No entanto, os belgas parecem melhores sem que exista, propriamente, uma equipa. A vencer por 1-0 recuaram no terreno e foi na sequência de um pontapé de canto que o capitão Williams apareceu sem marcação dentro da área. Cabeça para o golo e tudo empatado à meia-hora.

Marc Wilmots tentou mudar com Fellaini no lugar de Ferreira-Carrasco, mas a equipa belga insistia em procurar o momento ofensivo sempre com uma das suas individualidades a correr com a bola no pé. Pouca ou nenhuma circulação, facilitando, e muito, o esforço defensivo dos galeses. E foram estes que chegaram de novo ao golo num lance que é risível a este nível. Robson-Kanu recebeu a bola no coração da área, de costas para a baliza, Meunier, Denayer e Fellaini dividiram-se, todos, a atenção entre o ponta-de-lança e Ramsey, que se aproximava da área, acabando por permitir que, na rotação, o avançado do Reading ficasse sozinho frente a Courtois. 2-1.

Não houve mais Bélgica no jogo. Organização ofensiva muito frágil, Hazard e De Bruyne sem ideia coletiva, Fellaini na área foi o esforço que se viu nos minutos finais do jogo para tentar desequilibrar. No entanto, sempre que subiam, os belgas deixavam imenso espaço atrás e não havia entre o quarteto defensivo ninguém que conseguisse travar, em antecipação, o adversário. Tanto que Vokes, acabado de entrar, haveria de fazer o 3-1 ao responder de cabeça a uma transição rápida.

O País de Gales passa as meias-finais sem Ben Davies e sem Aaron Ramsey. Mas passa uma equipa que, sobre a bola, impõe garra e sofrimento para a recuperar. Sobra, no entanto, espaço, e aí Portugal tem a responsabilidade de ser superior. Conseguindo não ser surpreendida nas bolas paradas e no contra-ataque, a equipa lusa terá o que é preciso para resolver o jogo da próxima quarta-feira.

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