Há qualquer coisa que, entre o discurso de Pepa e a prática da sua equipa no Estádio António Coimbra da Mota, parece não combinar. Enquanto o técnico do Moreirense defende que jogar melhor futebol é o caminho para atingir resultados, este sábado, pelo que se viu na Amoreira, há ainda um caminho a fazer para que os melhores jogadores possam estar em espaço de tomar melhores decisões.
O equívoco esteve, sempre, na forma como Francisco Geraldes foi sendo obrigado a posicionar-se em campo. Sem Neto nas opções, o treinador do Moreirense lançou Alan Schons que, na primeira parte, foi um corpo estranho ao jogo, descaído na esquerda do meio-campo da equipa de Moreira de Cónegos. Geraldes, mais adiantado, recebia sempre de costas para a baliza e sem apoio para sair a jogar perante um Estoril muito fechado no corredor central.
A troca realizada ainda na primeira parte, com a saída de Dramé para a entrada de Fati só se entenderá por alguma questão física que tenha afetado o francês. Insistindo no mesmo desenho, a equipa do Moreirense dominava a posse de bola, permitida pelos canarinhos, mas sempre sem criar muito perigo. Ao intervalo, o técnico recuou Alan Schons para o lado de Cauê, agora pela direita do corredor central, enquanto Geraldes foi colocado pela esquerda do ataque.
Isolado na faixa, o jovem emprestado pelo Sporting nunca conseguiu aparecer no jogo. Ainda deambulava em busca da sua posição mais natural, no corredor central, mas com muita gente, da sua equipa e do seu adversário, a ocupar essa zona do terreno, o jogador com mais talento para decidir a favor do Moreirense passou a ser uma peça dispensável. E assim foi, saindo aos 74 minutos, com a equipa de Moreira de Cónegos a optar por um jogo mais direto.
Para jogar melhor, o Moreirense tem que dar a bola ao seu melhor jogador. Num dia em que era necessário que Pepa permitisse a sua evolução a partir de uma zona mais recuada no terreno, perdeu-se a oportunidade de ver Francisco Geraldes na posição onde, eventualmente, poderá vir a ser um jogador de referência.