Notas sobre a Proposta ANTB para a Época 2017/18

A ANTB continua a fazer um bom trabalho na tentativa de propor mudanças no basquetebol português, tendo apresentado esta semana uma Proposta para a Época 2017/18 (http://antb.pt/Propostas_ANTB_2017.pdf). Tendo em conta que esta proposta contém algumas ideias com as quais estou em desacordo, permito-me a algumas notas sobre a mesma.

Sobre os Quadros Competitivos, Concordando com a análise sobre a capacidade mediática que uma Liga deve ter, estou em desacordo que se analise a realidade financeira dos clubes como um ponto de partida para o tecer de considerações, visto que as alterações desejadas terão, como um dos objectivos principais, modificar a realidade financeira de todos os integrantes na Liga.

A partir desta base, creio que será erróneo pensar que a “interpenetração e recuperação entre niveis” e a “flexibilidade e proximidade geográfica” façam parte dos princípios orientadores de uma competição profissional. Creio que é fundamental que a ANTB exija, neste campo, a análise de estudos a modelos competitivos internacionais e que seja parte activa no aconselhamento a fazer sobre a viabilidade de cada um deles.

Quanto aos requisitos de participação, deve ser estabelecida uma meta de espectadores mínima para cada clube, conjugando aqui a existência de equipas formação e minibasquete com a sua presença nos jogos realizados em casa. Em vários casos, mais do que as condições do pavilhão ou a estrutura do clube, é a falta de mobilização para os jogos que está em causa para aumentar a qualidade do espectáculo.

A limitação do número de estrangeiros não pode ignorar as Leis Comunitárias vigentes. Não creio que seja produtivo que a ANTB se associe à ideia considerar como estrangeiros jogadores não selecionáveis, quando as Leis do país nos proíbem de considerar como estrangeiro um qualquer cidadão comunitário.

Da mesma forma, não creio que seja possível limitar a existência de Treinadores/Jogadores. Não há um nexo para criar uma barreira à possibilidade de um jogador, devidamente licenciado como treinador com o nível exigido, poder entrar em campo e actuar pela sua equipa.

Creio também que devemos ter uma exigência de igualdade para Liga Masculina e Feminina, sendo que na proposta deveriam constar, à imagem do que acontece para a prova masculina, uma proposta de requisitos de participação.

Continuo a achar que a defesa do jogador português não se faz fechando a porta à competitividade no acesso ao profissionalismo, sendo que melhores equipas exigem melhores jogadores (as oportunidades que têm estado abertas nos últimos anos não têm contribuído para termos um melhor jogador português), bem como melhores jogadores criam mais espectáculo, logo criando mais mercado para o basquetebol nacional e maior capacidade deste criar retorno que possa ser reinvestido na formação de jogadores.

Na análise à Proliga, não creio que o regresso a uma competição nacional possa permitir algum tipo de retorno às equipas participantes. Tendo em conta o quadro existente de competição e jogadores disponíveis, seria mais interessante reduzir o número de descidas a duas equipas, sendo que a segunda fase da prova deveria, tal como no Grupo da Subida, ter um Grupo de Descida em que a classificação se faça a nível global. Finalmente, fechar a prova durante um ano às subidas de divisão é totalmente injusta para as equipas que estão num nível abaixo, retirando boa parte do interesse competitivo do Campeonato Nacional da 1ª Divisão.

A situação contratual e laboral dos treinadores exige uma proposta mais profunda e concreta sobre o estatuto do treinador desportivo, sendo que a mera exigência de um contrato para treinadores da Liga e da Proliga ignora por completo o grande corpo de trabalhadores que vive em situação precária nas diversas provas organizadas pela Federação e pelas Associações. A ANTB tem o dever de fazer esse estudo, uma vez mais em conjunto com outras Associações e Sindicatos da área do Desporto que têm desenvolvido trabalho nesta área, agindo como mediador de uma nova atitude dos clubes perante os seus treinadores, organizando e mobilizando estes para acções de luta e consciencialização que tenham em conta as melhorias das suas condições de trabalho, procurando a possibilidade de, tratando-se de provas organizadas por Instituições de Utilidade Pública e ao serviço de Associações de Utilidade Pública, os treinadores possam beneficiar de um quadro fiscal mais favorável para a execução do seu trabalho.

Espero que a discussão possa seguir aberta, do lado da FPB, para que seja o basquetebol português a sair beneficiado pelas alterações que se possam impor.

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