Everton chegou do Grêmio para um grande desafio em Portugal, que começa já amanhã com a partida da pré-eliminatória da Liga dos Campeões. A forma como está a descobrir Jorge Jesus, o futebol europeu e a surpresa com Taarabt marcaram uma entrevista que deu a um meio de comunicação social português.
O Benfica fará amanhã o seu primeiro jogo oficial da temporada 2020/21, enfrentando o PAOK numa eliminatória de partida única que poderá dar acesso ao playoff da Liga dos Campeões. A contratação de Jorge Jesus teve como primeiro objetivo claramente demarcado a entrada na fase de grupos da competição e, na passada semana, em entrevista ao Jornal Record, Everton Cebolinha fez uma análise da sua chegada a Portugal e a sua perspetiva destas primeiras semanas de trabalho.
“Agora que trabalho ao lado de [Jorge Jesus], vejo a diferença que faz por onde passa. E agora espero também poder vencer ao lado dele. […] Nunca tinha trabalhado com esta intensidade. Já me tinha acontecido na seleção, onde a carga de trabalho é muito grande também, mas vê-se que é um trabalho diferenciado, é um trabalho de intensidade enorme.”
A diferença no modo de trabalhar de Jorge Jesus perante aquilo que estava habituado no Grêmio será a grande novidade para Everton nesta chegada à Europa. O jogador que vai utilizar a camisola 7 está indicado para ser titular frente ao PAOK e para acabar por ser uma das figuras da equipa lisboeta. No entanto, a pré-temporada fica marcada pela natural adaptação a uma nova realidade, com um treinador que conhecia apenas como adversário.
“Não estava tão a habituado a isso. No Brasil não estamos habituados a essa cultura, mas lá o mister mostrou que poderia mudar isso. Estou a adaptar-me bem e a aprender muito taticamente. Espero continuar a evoluir.”
A ideia de que Jorge Jesus demonstrou que, a nível de treino, o futebol brasileiro está ainda distanciado da realidade europeia foi a marca que ficou depois da sua passagem pelo Flamengo. No regresso ao Benfica, não tem essa demarcação por fazer. O ritmo de treino alto é um movimento natural para todos os jogadores que fazem parte deste plantel, sobretudo com os reforços que foram chegando. Aqui, o desafio coloca-se muito sobre o lado competitivo. Depois dos falhanços a nível europeu nas últimas épocas, o Benfica precisa de garantir a entrada na fase de grupos. Mas o PAOK, orientado por Abel Ferreira, que conhece bem o técnico encarnado, é um conjunto com capacidade para, sobretudo nas transições, surpreender a equipa portuguesa.
“O Adel Taarabt foi quem mais surpreendeu. É um jogador de grande qualidade. Não tinha essa noção. Lembrava-me dele no Milan, mas pouco. Estar a jogar com ele é muito bom. Tem uma qualidade impressionante, muito habilidoso, tem um jeito brasileiro de jogar, gosta muito do drible, como eu.”
A caracterização que Everton faz de Taarabt é a explicação de parte do sucesso do Benfica nas últimas temporadas, mas também de parte da equação que Jorge Jesus procura resolver. No Flamengo, a chegada de Gerson foi, de certa maneira, a exigência de um jogador de perfil europeu para preencher a posição 8 no meio-campo. Com o marroquino, que nas últimas duas temporadas ajudou a disfarçar as lacunas encarnadas em organização ofensiva, precisará de o trabalhar para acrescentar mais uma camada às características do jogador. O desejo passará, seguramente, por encontrar um novo reforço. Mas, na Grécia, Jesus e a opção Taarabt terão um teste para passar.