A indicação de Romeu Filemon para assegurar a transição entre Lito Vidigal e um futuro técnico na frente da seleção angolana não fazia prever uma tão grande mudança no conjunto de jogadores que formam a equipa dos Palancas Negras. Na sua primeira convocatória, Filemon, que conjuga o lugar de selecionador com o de técnico do 1º de Agosto, chamou apenas sete jogadores que marcaram presença na CAN 2012.
As surpresas começam logo pela baliza onde, com Carlos inativo e Wilson lesionado, Filemon deixou de fora Hugo Marques, do Kabuscorp, chamando três guarda-redes sem experiência internacional. Jotabe, do Petro, Landu, do Libolo e Neblu, do 1º de Agosto, são guardiães de escola africana, ao contrário dos chamados por Lito Vidigal, todos formados em Portugal.
Na defesa, mantém-se na equipa três jogadores, Zuela, Dany e Mingo Bille (suplente não utilizado na CAN). Os destaques vão para as chamadas de Lunguinha (provavelmente, a mais injusta ausência da competição disputada no Gabão e Guiné Equatorial) e dos jovens Fissy, Edson Silva e Mussumary, que poderão assim dar um forte contributo para o fortalecimento de um setor onde Angola apresentou bastantes carências no passado recente.
Na zona intermediária, Dedé e Miguel repetem a chamada, mas quem promete ser a grande figura da seleção é Adawa, jogador que já marcou presença na CHAN 2011 e tem vindo a destacar-se no meio-campo do Recreativo Libolo, como um jogador forte fisicamente, que também aparece muitas vezes no espaço de finalização. Um dos jogadores do Girabola a merecer atenção por parte de olheiros europeus.
Na frente de ataque, nota-se a ausência de Mateus e Flávio, mas mantém-se Manucho Gonçalves como referência do onze angolano (tem sido ao serviço dos Palancas Negras que este jogador tem conseguido maiores feitos na sua carreira). Djalma e Nando Rafael vêm também chegar o regressado Geraldo, para além de Chico Caputo, Aguinaldo e Yano, mostrando que o ataque dos Palancas Negras continua a ser o seu setor mais forte.
Com dois jogos de preparação marcados para o final de maio, Romeu Filemon terá que enfrentar o Uganda no primeiro jogo da qualificação para o Mundial de 2014. Uma vitória frente a este adversário e um bom resultado na Libéria poderão valer ao técnico angolano a continuidade na frente da equipa. Esta convocatória denota um profundo conhecimento dos jogadores do Girabola e ajuda a imaginar um conjunto de Angola mais influenciado pelo atual futebol africano do que tentando repetir um esquema de jogo mais europeizado. Se isso pode não ser suficiente para fazer figura num Mundial, para lá chegar, acredito, poderá mesmo ser a melhor solução.