Numa semana marcada pelas dificuldades geradas por um surto de gripe que já começara a afetar a equipa, aprendemos a reagir perante as contrariedades.
Num grupo de trabalho composto por crianças, é impossível conseguir escapar a momentos destes, em que a gripe aparece no grupo e vai-se disseminando por toda a gente, treinadores incluídos. Isso fez com que as sessões de treino se fizessem com menos atletas do que o desejado e que, até ao final da semana, houvesse alguma apreensão com o facto de termos jornada dupla. Mas a verdade é que alguns miúdos até reagiram à doença mostrando vontade de continuar a treinar e, no meu caso, o preço foi pago depois do terceiro jogo do fim-de-semana com uma recaída na febre.
Começou esta semana o Campeonato Distrital de Sub-13 e estamos agora naquela fase da época em que, enquanto nos Sub-14, devido a uma boa 3ª Fase, voltamos a defrontar equipas superiores e que nos fazem perder por mais de 80 pontos, nos Sub-13 conseguimos vencer por mais de 40 pontos. Neste cruzamento de jogos muito difíceis com outros que se tornam acessíveis, as reações dos jogadores também se fazem de forma diferente. Alguns deles sentem-se motivados não importa o adversário, juntando alegria (nos jogos em que ganham) à abnegação que normalmente demonstram. Para eles, o facto de nos Sub-13 se jogar com mais tempo (tudo acontece mais devagar), dá-lhes mais oportunidades de alcançarem pequenos sucessos nas suas ações. No sentido contrário, o facto de agora haver jogos que são pressentidos como “fáceis” parece levar outros atletas a perderem toda a motivação para o jogo “complicado”, como se entrassem numa gestão de esforço porque, “amanhã” é que querem jogar. Para estes, o discurso tem que incluir claras chamadas de atenção de que isso não passa ao lado e que o treinador sabe bem o que está a acontecer. No fundo, o que queremos acima de tudo é que os miúdos reajam com a mesma intensidade às dificuldades e às facilidades. Trata-se de encontrar um ritmo para fazer o nosso jogo, independentemente daquilo que o adversário nos trouxer.
Ao mesmo tempo, a jornada dupla também acaba por “destapar” as questões da parentalidade no desporto de formação. O facto de haver jogos ao sábado e ao domingo toca nas agendas dos pais e, mesmo que estes não tenham por hábito acompanhar as nossas competições, o simples facto de ter que acordar para dar boleia ao miúdo torna-se num entrave ao seu fim-de-semana. Resultado? No domingo viajamos com menos três atletas do que aqueles que estavam convocados. Não deixa de me espantar a forma como tantas vezes os pais e as mães reagem aos pedidos dos treinadores, seja para que os filhos possam ter uma presença mais regular nos treinos, seja para que estes se apresentem nos jogos para os quais são convocados (apesar de termos sublinhado no início da época de que os filhos gostam de ter a família nas bancadas, nunca culpabilizámos nenhum pai por não se poder apresentar nas partidas). Parece haver uma extrema dificuldade para entender de que não é o “clube” ou o “treinador” que quer isto ou aquilo. É a vida dos seus filhos e o seu gosto e necessidade de praticar desporto que pedem um mínimo de envolvimento.
Amanhã há treino (e reunião com os pais)!