Semana particularmente difícil, esta, a de meter em apenas quatro dias dois treinos e dois jogos. A pausa do Carnaval servia, sobretudo, para dar a todos, atletas e treinadores, uma oportunidade para fazer uma pausa, pensar noutra coisa, distrair-se da rotina, mas o regresso, sabíamo-lo bem, seria feito a grande intensidade.
Depois de algumas semanas a pressentir alguma frustração e desmotivação na abordagem das partidas mais complicadas, esta era a semana certa para um recomeço. Os jogadores pediam-no, na sua comunicação não-verbal, e os próprios treinadores sentiam-no como necessário. À procura da palavra “recomeço”, abordámos as duas sessões de treino com uma mentalidade renovada, preocupados em oferecer exercícios onde os nossos atletas pudessem encontrar algum rumo e confiança, apostados em ter um feedback positivo que pudesse transformar os níveis de confiança em apenas dois dias.
O primeiro jogo do fim-de-semana era contra uma equipa acessível. A verdade é que a boa resposta dos jogadores acabou por torná-lo praticamente único. A perceção da mensagem que lhe foi comunicada na preparação para o jogo foi transportada para dentro de campo de forma superior. Os atletas souberam interpretar bem os princípios defensivos e corresponder ofensivamente. O jogo serviu, e de que maneira, os nossos intuitos de fazer crescer a confiança do grupo, sobretudo em si próprios. (Houve, no entanto, um lado negro nesta história. Um jogo de basquetebol em que uma das equipas apenas consegue fazer três lançamentos ao cesto e termina sem qualquer ponto é um processo doloroso para os pequenos que estão do lado da derrota. Saber interpretar o que se ganhou nesse jogo – na minha opinião, nada – é um dado fundamental para não perder para a prática um conjunto de miúdos que sonha ter sucesso e que gosta do basquetebol).
O segundo jogo do fim-de-semana, perante um adversário bem superior, acabou por demonstrar que a confiança é essencial para o sucesso desportivo dos jovens. A equipa entrou no jogo com uma visão de si bem diferente, acreditou, uma vez mais, que a dedicação defensiva produz resultados e acabou por recuperar 30 pontos de diferença em relação ao jogo da primeira volta, tendo inclusive vencido um período. É daquelas derrotas (no marcador) que sabem a vitórias (na exibição, no processo de crescimento, na motivação para o trabalho).
Ficámos assim a saber como soletrar a palavra “recomeço”. Renovando a mentalidade, procurando reforçar os aspetos positivos, dizer presente em toda e qualquer dificuldade. Afinal, cada erro que um jovem no processo de formação comete em jogo é um pedido de ajuda ao treinador, para que este o ensine a, na próxima oportunidade, fazer melhor.
Terça-feira há treino!