Passaram-se vinte e seis semanas de trabalho com a equipa, na presente temporada, e durante este tempo, como é normal para um treinador de formação, muito outro trabalho se acumulou, seja na profissão, na faculdade ou na vida familiar. Tensões e intenções vão-se cruzando numa dinâmica que tentamos ser alimentadora de um ambiente positivo para os nossos atletas, onde a aprendizagem e o desafio são constantes. No entanto, como ser humano que é, o treinador também se cansa.
Para mais, vivemos numa sociedade em que o cansaço é visto como uma medida de sucesso no trabalho. Quando não te cansas, não estás a fazer tudo aquilo que podes fazer para o bem dos teus objetivos. Entramos, com demasiada facilidade, numa roda onde procurarmos ir mais além, cansando-nos mais, com a ambição de que isso traga uma melhoria para aqueles que nos rodeiam. Tristemente, uma coisa não nasce da outra.
É fundamental que desde o início da temporada o treinador saiba estabelecer objetivos e prioridades. De igual modo, a forma de agir não deve ser um apego cego ao pré-estabelecido, mas uma constante análise de uns e outros com as evoluções anotadas no dia-a-dia. O treinador tem que saber quando fazer a em detrimento de b, quando escolher c e esquecer d, quando apostar em e e desistir de f. Caso tente manter todos os “cavalos” na corrida, as tomadas de decisão deixarão de lhe pertencer, passando a ficar entregues à ordem do acaso e das possibilidades do momento.
Passaram-se vinte e seis semanas de trabalho com a equipa, o meio da temporada já lá vai, mas o cansaço não pode permitir que o que falta seja cumprido em queda. A resposta dos atletas é cada vez melhor e o conhecimento que o treinador tem deles cada vez maior. Mais do que nunca, agora é o momento de saber gerir cada momento e tomar decisões informadas e conscientes. Deixar que o cansaço interfira, é abdicar do que foi conquistado.
Aprendam a descansar, até, porque, amanhã há treino!