Contra o Regulamento Técnico-Pedagógico

Porque não tem os jogadores no centro das suas preocupações e acaba por ser um incentivo à redução do número de equipas, o Regulamento Técnico-Pedagógico não deve ser adotado nas competições distritais. 

A Federação Portuguesa de Basquetebol tem aplicado um Regulamento Técnico-Pedagógico nas provas de Sub-14 que viu, este ano, ser de novo alterado. Basicamente, o pomposo nome de Regulamento Técnico-Pedagógico centra-se, apenas e só, na manipulação do número de jogadores e nas substituições.

BasketAvançando para lá do facto de soar exagerado ou desproporcionado que um Regulamento com tal nome tenha um raio de ação tão curto, pretendo com este artigo sensibilizar para os efeitos nocivos do mesmo. O principal problema da aplicação deste Regulamento é que ele se centra nos Treinadores, especialmente nos Treinadores que não respeitam os princípios básicos do que é a formação de jovens atletas. Partindo, então, do problema errado, e não revelando qualquer preocupação com os jogadores (que são quem merece estar no centro de qualquer análise técnico-pedagógica), é natural que os resultados não sejam os melhores.

A nova versão do Regulamento Técnico-Pedagógico impõe mínimos de jogadores inscritos na folha de jogo e utilizados nos escalões de Sub-16 e Sub-14. No escalão mais alto serão oito os jogadores que terão que atuar, no mínimo, um período de dez minutos, aumentado no escalão mais baixo esse número para dez elementos.

Acontece que em várias competições distritais, não existem jogadores em determinadas equipas para completar estes mínimos. Vamos castigar todos os jogadores das equipas que tenham apenas sete jogadores disponíveis (em sub-16) ou nove jogadores disponíveis (em sub-14) com derrotas administrativas? Vamos impedi-los de disputar as suas competições e de, independentemente daquilo que consigam fazer no campo, obrigá-los a ver na folha de jogo sempre a derrota como resultado?

A regra acaba por impedir a inscrição de mais equipas nas provas distritais, retirando aos jogadores espaços e minutos de jogo bem necessários, contrariando também o espírito do Regulamento referido.

Para além do mais, olhando para a realidade técnica e física de muitos dos nossos praticantes, existem em várias equipas jovens atletas para quem atuar durante dez minutos consecutivos é uma violência. A existência dessa regra leva a que vários jogadores sejam expostos a essa violência semana após semana, bem como limita a sua entrada na equipa, porque no período que leva até ter o jogador capaz de atuar um período, vai acabar por ficar de fora da convocatória e perder, assim, oportunidade de somar alguns minutos e beneficiar de uma integração mais realista na competição.

Entender as necessidades dos jovens atletas é o primeiro passo para termos competições mais saudáveis para os participantes, algo que, em última análise, vai beneficiar o basquetebol português.

Recusar a aplicação do Regulamento Técnico-Pedagógico nas competições distritais parece-me ser, de uma forma simples e direta, a melhor maneira de voltarmos a estar em condições de colocar os jovens como a nossa prioridade.

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