Terá a Turquia tido algum tipo de esperanças depois do árbitro ter apitado para o início de jogo? Dizem os livros que toda a gente entra em campo para ganhar, e num contexto de alto rendimento, nem se deveria pensar o contrário. Mas os jogadores turcos, no seu íntimo, olhando para quem estava do lado contrário, acreditaram mesmo que poderiam vencer? Foram trinta e quatro minutos a segurar o zero, de forma precária e por vezes aflita, tal era a facilidade que os passes espanhóis tinham em penetrar as suas linhas defensivas. E depois, dois golos de rajada, de Morata e Nolito, a sentenciar tudo.
Dizem também os livros que nisto do futebol a bolas contam é lá dentro. Mas que mentira! A bola conta onde melhor a tratam, onde fazem com ela aquilo que o futebol exige nos sonhos. Por isso lhe deveríamos todos chamar, a Iniesta, Mestre Andrés. Porque é o Mestre que inventa, adivinha e demonstra todos os caminhos para o sucesso. Temos máquinas para contar os golos, os minutos de posse, as localizações dos jogadores e todos os pormenores dos seus passes. Mas ainda não temos máquinas para entender toda a poesia que existe no privilégio de ver jogadores assim.
É por isso que fazemos falta. Para perdoar aqueles que não tiveram esperanças – mesmo quando tinham todo o direito de as ter – e para saudar quem, no meio da tempestade, nos continua a apontar um caminho. O da sabedoria.