O primeiro jogo da edição de 2018 do Brasileirão, colocou em campo duas equipas que entram na prova a pensar no título. No entanto, quem apresentou as principais credenciais foi o Grêmio. Depois da conquista da Libertadores no ano passado, a equipa de Renato Gaúcho entrou na Série A para dominar.
Foi o calendário que assim decidiu, o Grêmio a começar o campeonato em Belo Horizonte, na casa do Cruzeiro. Depois de vencer a Copa Libertadores em 2017, a equipa gaúcha procura um título que Renato Gaúcho ainda não conseguiu no banco da equipa, o título nacional. A primeira exibição, não deixa dúvidas. O Grêmio é muito superior à concorrência, mesmo sem ter no onze Geromel e Luan, duas das suas principais referências. Arthur esteve em destaque, mas a poder sair a meio da época, veremos como isso será gerido pelo clube de Porto Alegre.
Paciência na posse
Arthur é amor. Não creio que exista outro jogador no Brasileirão que se apresente tão pronto para aparecer num grande campeonato europeu. Vemos Arthur caminhar pelo meio-campo do Grêmio e entendemos que não haverá necessidade de adaptação. Sim, o ritmo de jogo da sua equipa e dos adversários será mais exigente, mas Arthur está sempre no sítio certo, sempre a oferecer uma linha de passe, a recuperar uma bola, a entender exatamente aquilo que a sua equipa precisa para se manter em vantagem.
No jogo frente ao Cruzeiro, Arthur tocou na bola 129 vezes, praticamente o dobro dos jogadores do Cruzeiro que o fizeram mais vezes (Egídio, com 69). Mesmo na equipa do Grêmio, apenas Leo Moura se chegou perto, com 113 toques, enquanto Maicon, o outro médio-centro da equipa, apresentava uma média próxima, visto ter somado 88 toques em 58 minutos.
A paciência na posse é a grande característica da equipa do Grêmio. Uma paciência que lhe permite errar muito pouco, perdendo poucas bolas em zonas perigosas. Quase sempre a equipa prefere sair em construção, com Arthur a descer para o meio dos dois centrais, projetando os seus laterais e tendo em Maicon e Cícero elementos de ligação para levar a bola até à área adversária.
Esta paciência também é uma maneira de forçar erros no adversário. O toque, a constante troca de flancos, a forma como a equipa tenta a penetração e recupera na maneira de manter a posse, acabam por criar alguma ansiedade na equipa do Cruzeiro. Arthur foi o alvo de mais de 25% das faltas cometidas pela equipa de Belo Horizonte e isso poderá acabar por ser um sinal de preocupação para o FC Barcelona, equipa que já contratou o jovem médio.
Momentos Renato Gaúcho
Creio que qualquer pessoa que tenha visto Renato Gaúcho jogar, pela sua forma repentista, pelo seu génio, pelo seu ego, imaginaria com dificuldade uma equipa sua a ter um futebol tão pausado, paciente, lógico, racional. Mas a própria equipa do Grêmio parece, por vezes, mudar de pele para apresentar situações em que se transforma num “momento Renato Gaúcho”. O flanco esquerdo apresentou, mais vezes, essa capacidade, fosse através de Bruno Cortez, lateral de características ofensivas e Éverton, um jogador que coloca muita velocidade e agressividade na forma de jogar.
Pela direita, Leo Moura, quase com 40 anos, e Ramiro, apresentam um jogo mais pausado, mas o extremo, que apareceu como titular nesta partida, esteve na origem do grande momento da partida, ao arrancar para o cruzamento no lance que deu golo. Ramiro a cruzar pela direita, Éverton a surgir a tocar a primeira bola e esta a sobrar para André Felipe empurrar para o golo.
Foi o primeiro golo de André Felipe, no Brasileirão, com a camisola do Grêmio, um ponta-de-lança que se apresenta transfigurado se nos lembrarmos da forma que tinha quando passou pelo Sporting. Mais leve, dinâmico, lutador, André deixou o cognome “Balada” para ter, agora, condições para se assumir como ponta-de-lança titular na equipa que entra como a mais forte do Brasileirão. As provas estão dadas. Faltam 37 semanas para o confirmar.
Belo texto, expresso
u bem o que foi o jogo.
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