A corda só estica até rebentar – Marega e Gedson

O FC Porto segue em frente na Liga dos Campeões, o Benfica perdeu na primeira mão dos oitavos-de-final da Liga Europa. Sortes diferentes para os clubes portugueses em jogos onde se percebeu que a maneira como se lida com os limites dos jogadores acaba, sempre, por dar uma resposta clara das possibilidades da própria equipa.

Em outubro de 2017, escrevia isto, para o site da Goalpoint:

O problema da posição de Moussa Marega é uma questão a que um observador de Football Manager teria dificuldade em responder. Surgindo como um jogador que tem os seus melhores índices em zonas de finalização, a frágil relação que revela com a bola dificulta-lhe a missão de ser o ponta-de-lança de uma equipa que ofereça privilégio à posse. É o típico Extremo-Avançado-Ponta-de-Lança que acabaria à partida em sub-rendimento seja qual for a opção tomada.

E mais isto:

Poucos aceitariam ver Marega como titular na equipa do FC Porto perante as indicações que este nos transmitiu no passado. Tal como não terão sido muitos os que acreditaram que Sérgio Conceição pudesse ser o cozinheiro gourmet das omeletes sem (novos) ovos nestes primeiros meses da temporada 2017/18. No entanto, a exploração do contexto que lhe foi apresentado e o encontrar de respostas dentro do plantel que tem, fazem do treinador o verdadeiro destaque desta equipa.

Um jogador é bom para fazer aquilo que é bom. Marega é um dos exemplos claros disso mesmo, para além de também ser um bom símbolo da capacidade de evolução (a todos os níveis) que o alto rendimento deve aceitar como parte do seu dia-a-dia. Não se trata, apenas, de trabalhar com os melhores, mas trata-se, muito, de trabalhar com as características daqueles que podem melhorar o seu rendimento.

Frente à AS Roma, vimos um Marega marcado pelas consequências de uma lesão que lhe retira parte da capacidade de explosão e, consequentemente, da sua mobilidade. Por isso, o Marega pós-lesão parece ser um jogador mais dado a viver nos terrenos onde, no início da sua carreira, vivia com mais dificuldades. 2018/19 é, no entanto, o ano em que Marega marca seis golos em jogos consecutivos da Liga dos Campeões, sendo primordial para o apuramento na fase de grupos e, agora, para novo apuramento para os quartos-de-final da prova dos milhões. Sem precisar de ser o melhor em campo, apenas a precisar de vejam nele aquilo que ele pode dar. E Sérgio Conceição vai vivendo bem com isso.

Entretanto, ontem, em Zagreb, Bruno Lage tentou mexer nas dinâmicas do seu meio-campo. Poupando André Almeida, Samaris, Pizzi e Rafa, o técnico do Benfica foi claro naquilo que pretendia da inclusão de Krovinovic e Gedson Fernandes. “Jogar por dentro para ter espaços entre linhas, manter a largura dos nossos laterais e a dinâmica dos dois avançados”. Muitas vezes oiço dizer que não interessam os jogadores, mas, sim, as ideias dos treinadores. Uma afirmação que acaba por não entender o aspeto humano do jogador que é sempre parte das ideias do treinador através das suas características.

Gedson não poderia ser Pizzi, nem Krovinovic poderia ser Rafa. Por isso mesmo, a equipa do Benfica acabou por ter demasiada gente no corredor central, sem a mobilidade que é característica natural da equipa nos tempos mais recentes. Para Gedson, o entendimento de uma posição que inclui fechar na faixa lateral e procurar movimentos interiores no momento ofensivo, sem espaço para progredir com bola, é uma equação que ainda não consegue resolver. Para Krovinovic, a procura da rutura faz-se, quase sempre, afastando dos espaços mais preenchidos pelo adversário, através do passe. Gabriel acabou preso porque não tinha, à frente, o território que costuma explorar. E, a partir do minuto 35, a saída de Seferovic obrigou Bruno Lage a mudar em movimento, durante o tempo de jogo, situação que complexificou ainda mais a possibilidade de reação dos seus jogadores.

Ainda assim, errar em jogos onde as consequências podem ser geridas, como se passará na segunda mão desta eliminatória, é mais uma oportunidade de aprendizagem e evolução do que um sinal de fraqueza.

Na próxima segunda-feira o Benfica recebe o Belenenses, em jogo para ouvir na rádio. Vou estar nos comentários, a partir das 20h15, na emissão mundial da Antena 1, com o relato do Nuno Matos e a reportagem do David Carvalho.

Resposta a tempos de crise

No que toca ao futebol internacional, o meu fim-de-semana divide-se entre Bundesliga e LaLiga. Começando por olhar para o momento do Schalke 04, que em 2019 tem apenas duas vitórias em nove encontros disputados, precisando de pontos para não se deixar enredar nos lugares da despromoção. Joga hoje, em Bremen, em partida com transmissão em direto na Eleven Sports (19h30). Passo, também, pela corrida pelo título, com o Bayern de Munique a receber o Wolfsburg, este sábado (14h30), dias antes de defrontar o Liverpool para a Liga dos Campeões.

No domingo, olhos bem atentos ao momento do Real Madrid, quando os rumores de uma possível saída de Santiago Solari sobem de tom. A goleada sofrida às mãos do Ajax, e consequente eliminação da Liga dos Campeões, retiram ao Real o último grande objetivo que parecia possível alcançar. Em Valladolid, terá pela frente, mais do que o seu adversário, a necessidade de mostrar uma nova face. Com transmissão na Eleven Sports, às 19h45.

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