O Brasil venceu a Bolívia por 3-0 com Philippe Coutinho a ser figura, marcando dois golos e estando no coração do jogo criativo da equipa brasileira.
Seria preciso viajar no tempo para ver Philippe Coutinho a ser um médio-ofensivo de corredor central. Jogava ainda no Liverpool, com missões e responsabilidades que, em Barcelona e na seleção brasileira, tendo em conta as qualidades dos seus companheiros, nunca mais foram as suas. A lesão de Neymar abriu, no entanto, uma subida ao palco para Coutinho que, no jogo de abertura da Copa América, não deixou de aproveitar para mostrar os seus trunfos.
A estrutura da equipa de Tite está montada para evidenciar essas qualidades de Coutinho. Na primeira parte frente à Bolívia, com Fernandinho e Casemiro como volantes e Roberto Firmino ainda muito sintonizado num jogo onde recua constantemente para procurar a bola entre linhas, nem sempre Coutinho apareceu em todo o seu esplendor. Mas mesmo perante o bloco encerrado dos bolivianos, Philippe Coutinho marcava presença. Oferecendo linhas de passe, devolvendo com qualidade, encontrando Richarlison e David Neres a rasgar pelas faixas.
Os dois golos coroaram a exibição do camisola 11 brasileiro. Um penálti que quebrou a resistência boliviana e uma finalização na área a entender melhor as movimentações de Roberto Firmino após o intervalo. Sem Neymar, Tite trabalha com a realidade que tem em mãos. Falta-lhe o seu maior desequilibrador, o homem que decide sozinho, mas sobra-lhe talento e qualidade para um onze mais equilibrado nos diferentes momentos do jogo. Para vencer a Bolívia com uma boa exibição, cumpriu-se o trabalho do treinador. Para o que se seguirá, o afinar do entendimento Firmino-Coutinho e a mais do que provável entrada de Arthur no onze poderão acrescentar mais soluções para um Brasil campeão. Com Coutinho, acima dos companheiros, neste palco.