A vitória do Corinthians no clássico do passado fim-de-semana pareceu dar um ímpeto enorme ao trabalho de Tiago Nunes no clube. Com a sua segunda vitória, para mais frente ao Santos, o treinador de Santa Maria ganhou oxigénio para aprofundar o seu trabalho no Timão. Mas a análise pós-jogo aponta para o realismo no momento de entender o passo seguinte.
“Estamos evoluindo. O que eu quero é quando os atletas fazem tudo de forma natural, sem ter que pensar, é como dirigir um carro, você não pensa quando troca de marcha, a equipe é a mesma coisa, quando você ainda pensa antes de fazer, é que ainda não automatizou, e só o número de jogos vai dar isso”
O perfil do treinador não será propriamente uma novidade para os jogadores do Corinthians, tendo em conta o sucesso alcançado, nos últimos dois anos, com o Athletico Paranaense. Este efeito positivo criado pela chegada de um técnico que impõe estilo no jogo sente-se na equipa do Corinthians, que se montou para o clássico consciente do seu momento de evolução (apenas o quarto jogo), mas também do impacto da partida (vencer o clássico significava crédito de tempo para trabalhar).
O processo de aprendizagem tem, no entanto, uma curva muito mais larga. E se o resultado, hoje, prende a atenção do adepto, a consciência do treinador aponta para um calendário mais aprofundado. O desafio colocado pelo Estadual não difere, no entanto, do desafio colocado por muitas outras competições, nesta ou noutras latitudes. A importância de trabalhar a equipa na frente do modelo e a importância de trabalhar a equipa na frente da competição é uma tensão que, muitas vezes, não se vê resolvida na prática. O Corinthians, ao quarto jogo, dá sinais de o entender e saiu, para já, a vencer.
“Sai fortalecido pelas circunstancias do jogo, primeiro por vencer um clássico contra um grande time, depois pela soberania, criando oportunidade, sobrando em campo, e mesmo depois de perder um jogador fechando os espaços defensivos e sofrendo pouco, isso fortalece o trabalho e a confiança. Tudo depende do prisma da avaliação, se não tivesse vencido, teria que avaliar, ver o que acertou e errou, e tirar a lição, e pra ver o que temos de equipe, a consolidação, tem que esperar 30, 40 jogos, e aí dá pra ver sem o resultado”
Tiago Nunes sublinha, no entanto, após o encontro frente ao Santos, o que aqueles noventa minutos significam do ponto-de-vista do reforço do seu plantel. Foram duas metades bem distintas nas suas conclusões. A primeira com o Corinthians a dominar as operações, a tomar a iniciativa, a forçar os erros ao seu adversário, a crescer para somar oportunidades que poderiam, inclusive, ter tido um espelho de maior diferença no marcador. A segunda, assumindo o embate do crescimento do Santos, que tinha mais um jogador, mas dois golos de desvantagem, demonstrando o Corinthians a capacidade para gerir.
Tiago Nunes sublinha, também, aquele que é o trabalho do treinador, bem para lá do resultado. A equipa sai fortalecida pela vitória, é certo, mas a avaliação deveria ser igualmente fria e lógica se o resultado fosse outro. É seguro que a equipa cometeu erros, que expôs fragilidades, que tem caminho para evoluir. Daqui a “30 ou 40 jogos”, como diz o treinador do Corinthians, esperará ver um modelo mais definido e uma máquina mais trabalhada para corresponder aos desafios. Mas a competição não espera e a primeira mão da qualificação para a Copa Libertadores está aí. O Corinthians, ao que parece, chega forte para o embate frente aos paraguaios do Guarani.
Palavras de Tiago Nunes retiradas do site Gazeta Esportiva.