Semana 33 – Uma das dificuldades dos jogadores em formação parece ser o entendimento sobre a sua responsabilidade no contexto do treino e do jogo, algo que acaba por ter um forte impacto nas consequências das suas ações.
Numa primeira instância, essa falta de entendimento foca-se nos exercícios do treino. Muitos demoram a entender a conexão entre aquilo que se faz no treino e aquilo que se fará em jogo, como se fossem duas realidades diferentes. Nesta fase, o desconhecimento acaba por ter como efeito treinar com uma intensidade muito menor do que a desejada, para além de levar a uma escolha de prioridades dentro do treino – baixo nível de participação em alguns exercícios, aumento desse nível noutro (o jogo no treino).
Numa segunda instância, encontramos exemplos de jogadores que, no próprio jogo, não entendem que as suas ações têm consequências. A ligação entre esforço e conseguimento demora imenso a ser adquirida, percebendo-se que este ponto não é exercício convenientemente na sua vida fora do desporto. Ora, se um jovem não está habituado a entender a sua responsabilidade na escola, em casa, com os próprios amigos, entendendo que são sempre os “outros” quem arca com as “culpas”, também não será de forma automática que o veremos na prática desportiva.
É daqui que saem os exemplos dos jogadores que se sentem pouco abonados pela sorte (“o lançamento nunca entra”), prejudicados pelo adversário (“eu tinha a bola e ele agarrou-me para não continuar”), focados pelo árbitro (“ele nunca marca as faltas”) ou até pelo que se passa fora do campo (“estavam a gritar da bancada”). É desta incompreensão da sua própria responsabilidade que acontece um jogador não entender que deve jogar por si, pela sua equipa, esforçando-se ao máximo para conseguir o máximo possível.
Estas práticas devem ser atacadas na base, procurando-se estratégias que exponham estes comportamentos de uma maneira que seja entendido pelo jovem que as coisas que faz têm efeitos. Se essa compreensão não for profunda e duradoura, continuaremos a vê-los crescer com dificuldades para entender as consequências das suas ações, quer passem a estar na bancada (como adeptos ou pais), quer continuem ligados ao jogo (como treinadores, dirigentes ou árbitros).
Amanhã há treino!