Na cara de espanto de Paul Pogba, quando recebeu a ordem de substituição aos 77 minutos poderia ter estado o desenho das críticas a Didier Deschamps. Os seus dois principais atores para este Euro 2016 nunca apareceram em campo, presos por uma teia de romenos que transformou a relva em coração e agarrou-se à vida com todas as suas forças.
Faltava então um minuto para o final quando Dimitri Payet atirou para a glória. Um daqueles golos que ficam para a vida e que será sempre recordado num entrelaçar de eventos que serão o resumo daquilo que a França conseguirá neste Euro. Chegue onde chegar, isso dever-se-á, em parte, ao golo de Payet, que também foi o melhor homem em campo neste jogo.
O que fica do jogo, para além de resultado, é uma partida que nos mostra o futebol como ele é mais vezes vivido. Não como uma busca da perfeição impossível, mas como um reconhecimento de fragilidades e a sua superação. A velha raposa Iordanescu sabe viver neste território e teve em Pantilii e Andone dois lutadores que tudo fizeram para juntar pontos à felicidade do dever cumprido.
Não foi possível para a Roménia, mas a sua exibição neste primeiro encontro já a fez fazer valer o apuramento. A França precisa de muito mais do que heróis para chegar longe. Mas as lágrimas de Payet mostram-nos que até os mais fortes têm o direito a viver emocionalmente os pontos altos das suas vidas.