1988 será sempre o ano da Holanda campeã europeia, o momento da justiça poética a todo um futebol que encantava o mundo há mais de dez anos, sempre chocando contra as evidências do resultado. Mas também o Euro 88 começou mal para os holandeses, que derrotados na primeira jornada pela União Soviética, encontravam em partida de tudo ou nada a seleção inglesa, que vinha de uma derrota perante a surpreendente República da Irlanda. Até foram os ingleses quem teve melhores oportunidades no início deste encontro, mostrando que poderiam recuperar o ânimo frente à máquina laranja que não carburava. Mas nesse dia, com a mão de Ruud Gullit, Marco Van Basten acordaria a Holanda.
São de Gullit as assistências para os primeiros dois golos. No inaugural, Van Basten dança e rodopia frente a jogador inglês e atira cruzado, sem hipóteses para Peter Shilton. No seguinte, a desfazer o empate que os ingleses tinham conseguido, Van Basten atira forte a corresponder a um passe mortífero do seu camisola dez. E para que não restassem dúvidas, no seguimento de um canto e depois de um ligeiro desvio, lá apareceu Van Basten, outra vez, a rematar para o golo. Foi três vezes o ponta-de-lança que encantava a Europa e a quem se descobririam, mais tarde, uns tornozelos de cristal.
Não mais marcaria Van Basten golos em fases finais de grandes provas, apesar de ter jogado o Mundial de 90 e o Euro 92. Até, se há jogo que ficou na memória de muitos é o do golo impossível que marcou na final. Mas decisivo, foi a 15 de junho de 1988, quando os seus três golos despertaram um gigante adormecido e o fizeram acreditar que poderia aliar as vitórias ao estilo.