O movimento dos treinadores de desporto merece especial atenção pela precariedade associada a uma atividade onde a generalidade dos trabalhadores não beneficia de uma situação contratual legalizada. Isso tem sido uma das razões para a dificuldade de enquadrar as suas exigências, que vão sendo ecoadas pelas Associações de Treinadores das diferentes modalidades que estão integradas na Confederação Portuguesa das Associações de Treinadores.
O enquadramento laboral destes trabalhadores é bastante precário, sendo que a sua maioria trabalha em part-time, como complemento a outras atividades. A ausência de vínculo é uma regra geral, estando também generalizada uma situação de recibos verdes que levam a elevados custos no regime fiscal e de segurança social em comparação com os valores pagos por associações, clubes ou escolas desportivas.
Outro dos problemas que afeta fortemente os treinadores de desporto são as questões de formação. Havendo um conflito latente entre o IPDJ, que regulamenta o reconhecimento da atividade, e as federações de diferentes modalidades, cai muitas vezes o ónus sobre o treinador que não tem qualquer proteção perante as exigências de um e outro. Na prática, as formações a que está obrigado para iniciar e desenvolver a sua atividade acabam por ter um custo, muitas vezes, bastante superior ao que aufere ao longo de uma época desportiva.
Publicado no Jornal Avante de 20 de outubro de 2016