Alemanha, exibição de domínio

As long as everybody does more or less the same thing, you’re okay. But when your rivals start training eight times a week to your five, when they regenerate better, eat better, sleep more, do a lot of the things o the pitch better than you, then you will see a diference over the course of a few years.

Jurgen Klinsmann

A história da evolução do futebol pode bem ser definida como uma crítica à primeira fase desta citação. “Enquanto todos fizerem mais ou menos o mesmo, estás bem”. A cada passo desta evolução corresponderá um momento em que alguém, um treinador, uma equipa, uma federação, terá pensado em fazer as coisas de forma diferente. A partir daí, deixa-se de trabalhar num contexto de constante equilíbrio para encontrar um campo de constante desequilíbrio. E quem desequilibra mais, ganha.

Klinsmann, however, saw in his own career confirmation of the idea that football was first and foremost a mental exercise. He’d never been the most gifted player technically, but made up for that with total commitment and application on the pitch.

Raphael Honigstein

Nem vamos esperar pela final da Taça das Confederações para validar o domínio exercido pela Alemanha neste verão. Provavelmente, um daqueles momentos históricos que poderemos avaliar de forma mais conveniente dentro de alguns anos, mas que coloca o nível muito acima do que qualquer adversário poderá aceitar como confortável. Com oito jogadores Sub-21, e uma das mais jovens equipas de sempre a atingir uma final de uma prova internacional, a Alemanha propôs-se a ir a jogo na Taça das Confederações. Acreditámos, quase todos, que o fazia para preservar o coração de um grupo de atletas que tem estado, ano após ano, no topo. Enganámo-nos.

Porque não só a Alemanha demonstra nessa prova como é possível, com o seu jogo colectivo trabalhado desde o berço, que mais do que os jogadores, importa ter muito seguro e presente um modelo de jogo ao que recorrer, como a capacidade mental demonstrada por uma equipa sem a experiência de boa parte dos seus rivais acaba por ser o seu ponto mais forte.

Mas a Alemanha não ficou por aqui. A sua selecção de Sub-21, sem esses oito elementos que seriam todos titulares na equipa, conquistou ontem o Campeonato da Europa da categoria. Frente a uma Espanha que, em termos individuais, nos conquistou de forma arrebatadora, mas que perante a exigência germânica de jogar o jogo em 11 contra 11, se perdeu nas suas dúvidas.

A Alemanha atingiu, assim, um objectivo supremo para quem faz carreira na guerra. Conquistou uma batalha e disputará a final de uma outra (onde até parece entrar já como favorita), sem necessitar de colocar no terreno todas as suas forças. Nunca foi uma equipa desesperada. Nunca demonstrou estar em esforço. Não precisou de quebrar os seus limites. Desenhou uns novos e superou-os.

Se uma coisa podemos ter certa é que nenhum país que queira ser competitivo no futebol internacional poderá descansar depois desta exibição de domínio.

Nota: Citações do livro Das Reboot – How German Soccer Reinvented Itsfelf and Conquered the World, de Raphael Honigstein.

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