Aos 51 anos, Fabiano Soares vai treinar pela primeira vez no seu país natal. Se como jogador fez quase toda a sua carreira em Espanha, passando por várias equipas galegas como o Celta de Vigo, o SD Compostela e o Racing Ferrol, para além de uma cura passagem pelo Botafogo, como treinador a sua evolução foi realizada em Portugal, mais concretamente, no Estoril. Tendo chegado ao clube como treinador adjunto na equipa técnica liderada por Vinícius Eutrópio, manteve-se sob o comando de Marco Silva (que esta temporada estará no Watford, da Premier League) e José Couceiro, técnico que substituiu no decorrer da temporada 2014/15. Tendo terminado em 12º lugar da Liga NOS, Fabiano Soares mereceu a confiança para no ano seguinte levar o clube até ao 8º lugar, saindo no decorrer da presente temporada quando a equipa sentia dificuldades na segunda metade da tabela.
No que toca a sistema utilizado, a preferência de Fabiano Soares sempre foi um 4-2-3-1, com um duplo volante com jogadores de características defensivas, permitindo dessa forma uma grande solidez defensiva das suas equipas. Esse desenho permitia aos canarinhos ser uma equipa mais vocacionada para actuar fora de casa, sempre com jogadores nos extremos que ofereciam criatividade e com um finalizados forte. A boa época que terminou no 8º lugar teve um forte contributo de jogadores brasileiros como Léo Bonatini no ataque, Matheus Oliveira, o filho de Bebeto, como médio-ofensivo, o central Diego Carlos e o lateral-direito Anderson Luís.
O início de 2016/17, com a saída de alguns dos seus melhores jogadores e a inexperiência e juventude a reinar no plantel, mostraram um Fabiano Soares mais conservador, com uma linha de meio-campo mais recuada, muitas vezes encostando nos centrais, actuando mais na expectativa do erro do adversário do que na qualidade das suas propostas. Com isto conseguiu conquistar pontos em casa, mas as más exibições e a exigência dos adeptos acabaram por ditar a sua saída.
Em resumo, pode dizer-se que, no que toca a ideias, Fabiano Soares é um técnico conservador, com capacidade de organizar a sua equipa na defesa, deixando o ataque para a criatividade e potencial dos jogadores que tiver ao seu dispor. No Estoril Praia, tinha uma equipa que trabalha, essencialmente, para produzir vendas, tendo conseguido bons resultados quando tinha jogadores melhores e perdido o seu lugar quando a qualidade do plantel decresceu.
No Atlético Paranaense, Fabiano Soares não terá medo de jogar feio se sentir que isso é o que é preciso para ganhar pontos. Mas para conseguir boas exibições, vai precisar de encontrar, também, jogadores que o ajudem a chegar lá. Neste caso, um treinador, de ideias algo solitárias, não poderá operar milagres.
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