O peso da bola segundo Aristizábal

Estádio Municipal de Guayaquil, no Equador, 1 de julho de 1993. Não era a primeira vez que os colombianos se viam nestas andanças, mas talvez nunca como nesse ano eram tantas as esperanças de vencer a Copa América pela primeira vez.

Eram os anos 90 e aquela louca seleção com o talento de Valderrama, Rincón, Asprilla e Aristizábal a dar volume ofensivo a uma geração que também tinha René Higuita, ainda que este tenha falhado a competição, devido a estar preso, numa acusação de sequestro que mais tarde lhe seria retirada.

Na fase de grupos a Colômbia superiorizara-se a Argentina, México e Bolívia, ainda que tenha sido apenas a diferença de golos a garantir-lhe o primeiro lugar. Empates contra argentinos e bolivianos, vitória frente aos mexicanos, mostravam bem o quão equilibrado estava poder sonhar com o título de campeão. Nos quartos-de-final, face-a-face com o Uruguai, quando Perea marcou aos 88 minutos para lançar o jogo para o penáltis, onde colombianos não falharam nem um.

Para regressar à final, onde já tinham estado em 1975, quando foram precisos três jogos para entregar a Copa ao Peru, a Colômbia tinha que ultrapassar a Argentina, com Gabriel Batitusta e Beto Acosta na frente de ataque, Diego Simeone a vestir a camisola 10, Fernando Redondo a apontar à bola os caminhos para a beleza do jogo. No final dos noventa minutos não havia golos, era mais um empate, o quarto em cinco jogos em tempo regulamentar para a equipa dos Cafeteros.

Segue-se nova série de penáltis, os primeiros cinco todos concretizados pelos bravos Rincón, Asprilla, Mendoza, Pérez, Valderrama. Ao sexto penálti avançou o jovem Victor Aristizábal, 21 anos, recém-chegado à seleção principal, que haveria de ser figura mítica do Atlético Nacional, onde jogava. Só por duas vezes tinha marcado com a camisola colombiana, num amigável frente ao Chile e na fase de grupos, na vitória sobre o México. Mas naquela noite, em Guayaquil, a bola pareceu pesada, saindo do pés de Aristizábal para a defesa de Goicoechea.

Foram precisos mais oito anos para a Colômbia vencer, pela primeira vez, a Copa América. E desde então nunca alcançou qualquer outra final. Hoje, com o português Carlos Queirós no comando, os colombianos voltam a sonhar. Para iniciar a caminhada, nem mais, nem menos, essa velha Argentina que a deixou pelo caminho em 1993.

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