Aquela qualquer coisa que nos prende ao futebol

Ao sétimo dia, a CAN oferece-nos dois jogos que são o fiel exemplo daquilo que nos prende ao futebol. Muito para lá da forma como se joga, todos nós chegamos ao futebol pelo prazer da descoberta. Descubra-se, então, o que nos oferecem Madagáscar e Burundi, Tanzânia e Quénia.

Madagáscar (não, não é o filme, é o país) nunca terá sido uma nação de futebol. Historicamente, é a luta o desporto que mais cativa os seus habitantes, com o rugby a ter deixado também raízes com a ocupação do território pelos franceses. Aliás, Madagáscar nem sequer tem um campeonato nacional, antes uma competição que reúne os vários campeões regionais na luta pelo título. Chamam-lhe a Liga dos Campeões. Sim, um mundo à parte. Onde não é preciso da larga ilha para ter tudo aquilo que se necessita.

Pela primeira vez na CAN, enfrentará, também pela primeira vez, o Burundi. Um dos mais pequenos países africanos, massacrado por guerras e genocídios, que levaram há cerca de vinte anos a um verdadeiro êxodo dos seus jogadores. O campeonato chegou a estar parado e a participação regular nas qualificações para o Mundial ou para a Taça das Nações Africanas data do início deste século. Ainda assim, tanto os “Barea” (Gado Índico) do Madagáscar, como as “Andorinhas em Guerra” do Burundi cumprem um sonho: o sonho de jogar entre os melhores.

Imaginem a sorte de poder ver este jogo. Porque o futebol sempre foi descoberta, mergulho nessa onda gigante de conhecimento que nos escapa no dia-a-dia. É muito por isso que o confronto entre Madagáscar e Burundi pode passar por ser um dos jogos mais importantes desta competição que se disputa no Egito. Porque ninguém percebe tão bem o encanto, a sorte e o orgulho de disputar esta prova do que seleções que, até há bem pouco tempo, nem sequer tinham a sua existência como garantida.

Olá vizinho!

Também não se poderá dizer que Tanzânia e Quénia sejam dois países habituados às andanças do futebol de topo. Para os tanzanianos esta é apenas a segunda participação na CAN, enquanto os quenianos fazem-no pela sexta vez, ainda que não pisassem os relvados da prova há 15 anos. Países com fronteira comum, viram a sua independência deferir por dois anos, 1961 para os tanzanianos, 63 para os quenianos. Às intenções de boa vizinhança, as diferenças ideológicas dos seus líderes, em tempos de Guerra Fria, desviaram o entendimento para outras rotas. Mas os tempos mudaram e as boas relações encontraram o seu caminho.

Será a primeira vez que os dois vizinhos se defrontam na CAN, mas a 41ª vez que as duas seleções se defrontam, o que as torna das equipas que melhor se “conhecem” nesta prova. A luta do futebol dos dois países também se tem feito através dos seus clubes, onde a Liga da Tanzânia se tem demonstrando superior, com o Simba, o seu campeão, a atingir os quartos-de-final da Liga dos Campeões Africanos esta temporada. O Gor Mahia do Quénia, afastado da maior competição, atingiu posteriormente os quartos-de-final da Taça Confederação.

A descoberta faz-se, por isso, no território dos confrontos cheios de significado. Porque o futebol, para nós, sempre foi isto. E nunca se acaba de descobrir tudo!

 

Todos os jogos da CAN 2019 têm transmissão em direto no canal 2 do Eurosport Portugal

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